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Paraná está no corredor dos tornados


Pesquisa pretende mapear os municípios mais suscetíveis à ocorrência do fenômeno meteorológico

Fotos: Ricardo Chicarelli
Este ano, na região de Marechal Cândido Rondon, os ventos chegaram a 200km/h, o que representa um tornado classe F2, numa escala que vai até cinco
Um tornado do tipo F2 tem potencial para destruir casas

Pesquisadores da Universidade Estadual do Estado do Paraná (Unioeste) estão mapeando a ocorrência de tornados no Paraná. O estudo começou em 2014, coordenado pela professora Karin Hornes, do Colegiado de Geografia do Campus de Marechal Cândido Rondon.
A pesquisa tem três vertentes: mapear as áreas de ocorrência do fenômeno, verificar a incidência e classificar a força destrutiva. As regiões Noroeste e Sudoeste do Paraná são as mais atingidas e com mais frequência na primavera.
O estudo está avaliando dois períodos de tempo: de 1990 a 2015 e de 2005 a 2015. Para o levantamento de dados, os pesquisadores estão trabalhando com relatos de moradores, notícias de jornais e registros do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
"É difícil o registro do fenômeno. Muitos dos tornados que ocorrem no Paraná não são registrados. Às vezes, porque causam poucos danos ou porque ocorrem na área rural", comentou Karin. Segundo ela, também há poucas estações meteorológicas no Estado. "Nos Estados Unidos, por exemplo, eles utilizam radares móveis próximos das tempestades para conseguir localizar o tornado."
A primeira fase da pesquisa deve ser concluída até o final do ano, quando a professora acredita seja possível apresentar um mapa com as áreas suscetíveis. Até agora, foi possível confirmar a ocorrência de 13 tornados no Estado entre 2005 e 2015.
Mas existem relatos de muitos outros, segundo a pesquisadora. "Marechal Cândido Rondon teve dois. A primeira vez foi no Distrito São Roque, mas só temos relatos. E em Toledo, por exemplo, tenho cinco relatos, mas registro de apenas dois", disse Karin, referindo-se ao tornado que atingiu Marechal Cândido Rondon em novembro do ano passado.
Segundo dados da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, no ano passado Cafelândia, Marechal e Francisco Beltrão registraram danos por conta de tornados. Em Marechal Cândido Rondon os ventos chegaram até 200 km/h, o que representa um tornado classe F2, numa escala que vai até cinco.
Eles atingiram 6.647 pessoas, mais de 6 mil só em Marechal Cândido Rondon. No Estado, 523 pessoas ficaram desalojadas, 72 desabrigadas e 50 ficaram feridas.

ASSINATURA 
Os pesquisadores da Unioeste também estão analisando imagens de satélites do Simepar para verificar se há uma assinatura dos tornados paranaenses. Mas segundo ela, a falta de um órgão específico para catalogar a ocorrência do fenômeno dificulta o levantamento de dados.
"A Defesa Civil só registra quando há destruição. O Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe) e o Simepar dialogam, mas é preciso um órgão que se comprometa a catalogar esses eventos, as zonas que mais ocorrem, para que possa alertar a população de como agir quando eles ocorrem", afirmou Karin.
O Brasil é o segundo país que mais registra tornados no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O Paraná está inserido no chamado "corredor de tornados", que passa pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
As regiões que estão dentro da área de 30 graus de latitude são as mais suscetíveis às grandes tempestades. Isso acontece por causa do encontro das massas de ar quente e fria, gerando instabilidade e super células, que provocam vendavais, tornados e micro explosão. Essas tempestades severas costumam ser registradas entre as 16horas e 18h, quando há um grande potencial energético na atmosfera e de evaporação.

PREVENÇÃO 
A intenção da pesquisadora é que o estudo possa auxiliar no alerta e preparação das cidades para esse tipo de evento climático. Ela orienta que, em caso de tempestades severas, as pessoas procurem estruturas reforçadas, fiquem longe de janelas e portas. Evite se abrigar em barracões, ginásios, postos de combustíveis, que tem uma cobertura mais suscetível à queda.
"Há muito que se fazer ainda a respeito da temática dos eventos extremos. No entanto, há necessidade de estudar o fato, quais medidas podem ser tomadas para que ocorra a preservação da vida inicialmente e para que as perdas sejam minimizadas."
Karin sugere que o assunto "desastres naturais" seja incluído no programa de Brigada Escolar.
Aline Machado Parodi
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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