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Bebês abandonados são encontrados por PMs


Um recém-nascido estava dentro de um saco de lixo e outro foi deixado em uma calçada; casos serão investigados pela Polícia Civil

Divulgação/PMPR
O recém-nascido foi encontrado embrulhado em uma toalha úmida, ainda com o cordão umbilical

O choro do bebê chamou a atenção do soldado da Polícia Militar que trabalha em Curitiba. Claudimar Gosmatti está há 12 anos na corporação e nunca havia atendido uma ocorrência semelhante. "Estava bem escuro e bem frio. Fizemos buscas no mato, desci mais próximo a um córrego e vi um saco plástico de lixo. Quando abri era um bebê", contou. O recém-nascido foi encontrado ontem, por volta das 6 horas. O menino, ainda com o cordão umbilical, estava embrulhado em uma toalha úmida.
O policial e a equipe foram chamados após uma ligação feita de um telefone público. "Faz dez meses que acompanhei o parto do meu filho. Tentei fazer tudo o mais rápido possível para proteger o menino. Fazer isso com uma criança não se justifica", defendeu. Conforme o soldado, o bebê chorava pouco e foi encaminhado ao hospital em seguida.
Na mesma manhã, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, outro bebê foi encontrado na calçada de um estabelecimento comercial. "Fomos acionados perto das 7 horas da manhã. As pessoas já haviam acomodado o bebê dentro da loja para protegê-lo do frio. Ele estava enrolado em uma toalha e um cobertor. Não era um recém-nascido, já tinha passado alguns dias. A cicatriz do umbigo estava seca", comentou o soldado do Corpo de Bombeiros, Gesiel Antônio Duarte. "A maioria das ocorrências com crianças já abala a gente. Mas, nesse caso, a gente fica triste, chateado e comovido por conhecer várias pessoas que querem ter filho, mas não conseguem. É triste ver esse abandono", lamentou. Os dois meninos permaneciam no hospital, em observação. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, os casos serão investigados pela Polícia Civil.

ENTREGA LEGAL
Em Londrina, o projeto Entrega Legal acompanha gestantes que, por alguma razão, não desejam ou não têm condições de criar os próprios filhos. A juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude de Londrina, Isabele Papafanurakis Noronha, explicou que a proposta beneficia as mulheres e os casais que permanecem na fila de espera para adoção. "Entregar as crianças para terceiros, abortar, vender ou abandonar uma criança é crime. Esse projeto surgiu para dar a essas mães a garantia de elas virem ao fórum, serem ouvidas pela juíza e serem acompanhadas por assistentes sociais e psicólogas para que, no momento em que essa criança nascer, ela seja encaminhada a um casal que está na fila de adoção. Não estamos aqui para julgar essa mãe", frisou.
Programas semelhantes são adotados em algumas comarcas do Paraná. A proposta segue orientação do Conselho Nacional de Justiça. Em Curitiba, funcionários da Vara da Infância e Juventude informaram que o projeto ainda não foi implantado. No entanto, a juíza de Londrina destacou que as crianças podem ser encaminhadas aos fóruns de qualquer comarca do Estado. "Ainda que a comarca não tenha institucionalizado esse programa, em qualquer comarca, existindo a situação da mãe não ter o desejo de ficar com o filho, ela pode procurar o fórum e a Vara da Infância e Juventude. O juiz vai ouvir, vai fazer a destituição do poder familiar para retirar essa criança da mãe e entregá-la para um casal habilitado", explicou.
O projeto de Londrina completou um ano nesta semana. Das oito mães já atendidas, quatro fizeram a entrega dos bebês e outras quatro decidiram permanecer com os filhos. Atualmente, outros três casos estão em andamento. As mães são encaminhadas por outras instituições ou procuram o serviço de forma espontânea. A psicóloga do Núcleo de Apoio Especializado à Criança e ao Adolescente, Josane Campos, ressaltou a importância da assistência gratuita oferecida às mães. "A gente conversa com as mães para entender os motivos para a entrega do bebê. Nós vamos problematizando e construindo uma decisão sólida para que essa entrega ocorra ou não. Ao contrário do que muitos pensam, todas elas têm uma preocupação com as crianças e querem que os bebês tenham outra família", afirmou. Quando as gestantes ainda não têm certeza sobre a entrega do bebê, o encaminhamento não é feito. "Às vezes, as pessoas vêm pelo desespero ou por causa de uma situação que elas não estão conseguindo resolver. Nós fazemos todo um trabalho para que elas tenham certeza da decisão que pode ser a de ficar e cuidar da criança ou a de entregá-la para os casais habilitados a adotar. Geralmente, as pessoas apenas condenam ou forçam essas mães a ficar com os bebês. Trabalhamos com um paradigma novo de pensar que uma gestante pode não querer ficar com a criança e parar para ouvir os motivos. Queremos apenas o melhor para esses bebês", concluiu a psicóloga.
Viviani Costa
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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