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Número de incêndios ambientais aumenta 71% no Paraná



O excesso de queimadas preocupa pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De 1º de janeiro até o dia 28 de julho, foram registrados 42.881 focos de incêndio no Brasil, o que representa um crescimento de 60% em relação ao mesmo período de 2015, quando ocorreram 26.756 queimadas. "Estamos ainda no começo da temporada de queimadas e do período que costuma ser mais seco. O que nós detectamos até agora corresponde a 20% ou 25% de tudo o que ainda vai acontecer pela frente. Se essa tendência se mantiver, nós estamos frente ao ano que vai ser o pior do nosso monitoramento. Para nós fica um ponto de interrogação: o que é que vem pela frente?", questionou o pesquisador Alberto Setzer, responsável pelo Monitoramento de Queimadas no instituto.
O grupo acompanha os índices e monitora as imagens obtidas por meio de satélites. Dessa forma, é possível identificar focos de incêndio até mesmo em áreas de difícil acesso. O Mato Grosso lidera em número de focos identificados pelo instituto entre janeiro e julho. Foram 9.486 queimadas, quase o dobro do total monitorado no mesmo período em Tocantins (5.203). Pará, Maranhão e Roraima estão na sequência da lista. Entre os Estados que registraram maior crescimento em comparação com o mesmo período de 2015 estão Amazonas (339%), Acre (273%), Roraima (162%), São Paulo (148%) e Rondônia (123%).
"As queimadas registradas nesse período são resultado da ação humana, proposital ou acidental. O período de seca começa agora. O que esses números indicam é que as atividades humanas, por alguma razão, estão utilizando mais o fogo na vegetação do que em outras épocas. Isso é preocupante", alertou Setzer. O pesquisador não arriscou motivos para o aumento expressivo registrado em alguns Estados. Apenas em relação ao Mato Grosso, ele destacou que os índices poderiam estar associados a "novos desmatamentos, à remoção de desmatamentos feitos anteriormente e ao preparo de pastos e limpeza de áreas".
Conforme os números apresentados pelo Inpe, o Paraná teve crescimento de 71% na quantidade de focos de incêndio. Entre janeiro e 28 de julho foram registradas 1.129 ocorrências contra 662 no mesmo período de 2015. O Estado ocupa a 13ª posição em número de queimadas identificadas neste ano e o 10º lugar entre os que sofreram aumento em relação ao ano anterior.
O fenômeno El Niño, que contribuiu para o ressecamento do solo na Amazônia, trouxe mais chuvas para a Região Sul. "Por que esse aumento está ocorrendo no Paraná? Nós não temos ainda uma explicação. O monitoramento por satélite é bastante confiável, mas o porquê não sabemos. No Paraná é ainda mais difícil de explicar porque nós tivemos até mais chuvas nesse primeiro semestre do que no ano passado", destacou Setzer.
Para o meteorologista do Simepar, Fernando Mendes, períodos de resfriamento intenso podem ter contribuído para as queimadas no Paraná. "Essas situações causam mais impacto na vegetação. Os dias frios e as geadas geram um ressecamento na mata que aumenta o potencial para riscos de incêndio", afirmou. Segundo Mendes, apesar do volume de chuva expressivo no Estado, a distribuição foi desigual entre as regiões.
"Existem pessoas que utilizam o fogo para preparar a terra, mas essa não é a principal característica da região. O incêndio ambiental aqui não fica restrito às áreas rurais. Orientamos a população a não queimar materiais em terrenos baldios e a procurar outras formas de se desfazer do lixo, por exemplo", afirmou a tenente Luana da Silva Pereira, responsável pela Comunicação Social no 3º Grupamento de Bombeiros de Londrina.

CONSEQUÊNCIAS
O Inpe deu início ao monitoramento de queimadas na década de 1980. No entanto, os dados que permitem comparações anuais e regionais foram sistematizados a partir de 1998. A soma das áreas em que foram detectados os focos de incêndio ainda não foi calculada pelos pesquisadores. Os números serão revelados no balanço final de 2016. "Queimadas nas margens das estradas atrapalham a visão dos motoristas e podem causar acidentes. Nas plantações, o fogo tende a sair do controle e prejudicar plantações inteiras e matar os animais. Nas cidades, a fumaça prejudica a saúde da população e provoca até o fechamento de aeroportos, além de afetar a fauna e a flora. Quando falamos do planeta como um todo, a maior parte das emissões de poluentes ocorrem das queimadas quando se tem anos com muita seca. Este ano, não sabemos ainda como vai ser", concluiu o pesquisador do Inpe.
Viviani Costa
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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