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Quatro cidades paranaenses não têm acesso por asfalto



Estrada entre Coronel Domingos Soares e a PR-459, que liga a Palmas e Mangueirinha, é uma das duas opções de acesso ao município


Quarta maior economia do País, o Paraná conserva um atraso incompatível com os tempos atuais: quatro cidades ainda não possuem acesso asfáltico. Para se chegar ou sair de Coronel Domingos Soares (Sudoeste), Mato Rico (Centro) e Doutor Ulysses (Região Metropolitana de Curitiba), só enfrentando muita poeira, ou barro nos dias de chuva. Já em Guaraqueçaba (Litoral), há a opção do barco, mas por via terrestre, só cruzando 80 quilômetros de estrada de terra da PR-405.
Somadas as populações dos quatro municípios, são 25 mil habitantes "isolados". O baixo número de eleitores nestas cidades implica diretamente na baixa representatividade política, o que as deixam cada vez mais paradas no tempo. A ligação de 100% das cidades paranaenses à malha rodoviária estadual foi uma promessa de campanha do governador Beto Richa. Desde 2010, nenhum dos projetos saiu do papel.
A obra mais impactante é a ligação de 47 quilômetros pela PR-239 entre Mato Rico e Pitanga. Segundo a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seil), a obra vai demandar investimento de R$ 128 milhões. O chefe de gabinete da Prefeitura de Mato Rico, José Carlos Zocante, conta que a pavimentação é aguardada há mais de 20 anos. "Durante o período eleitoral o assunto sempre volta à tona, mas depois cai no esquecimento", critica.
Zocante lembra que o município sugeriu a pavimentação de uma estrada municipal, que dá acesso a Roncador. "Esse caminho é de 22 quilômetros, menos da metade dos 47 quilômetros que nos ligam a Pitanga", compara. Sem um acesso asfaltado, os moradores têm de arcar com o custo da precariedade. "Os alimentos chegam mais caros, porque o valor do frete aumenta. Os agricultores também pagam mais para escoar a safra. O asfalto é elemento básico para o progresso de um município. Sem ele, fica difícil", lamenta Zocante.
Os 7,5 mil habitantes de Coronel Domingos Soares vivem o mesmo drama. A viagem de 26 quilômetros até Palmas (Centro-Sul), que leva cerca de 50 minutos pela PRT-912, poderia ser feita em até metade do tempo se a via fosse asfaltada. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, um trecho de nove quilômetros entre Palmas e a ponte do Rio Chopim foi asfaltado em 1997. O problema está nos 17 quilômetros restantes.
Segundo a assessoria, em dias de chuva forte, muitos veículos atolam no lamaçal. A estrada é rota de ambulâncias que levam pacientes em estado grave para atendimento de urgência em municípios vizinhos. Há três anos, a rodovia foi estadualizada, como condição para ser pavimentada. Segundo a prefeitura, de lá para cá, as manutenções são feitas em média duas vezes por ano. Outra rota de 14 quilômetros liga a cidade à PR-459, que dá acesso a Palmas e Mangueirinha. As duas estradas não têm pontes ou outros acidentes que dificultem as obras. Para os moradores, a preferência é "pela que sair primeiro".

Entrave ambiental

Se o asfalto parece um sonho distante para quem já tem o projeto aprovado, para Guaraqueçaba, a situação é ainda mais complicada. O trecho de 80 quilômetros da PR-405, entre o Distrito de Cacatu (Antonina) e Guaraqueçaba, atravessa uma área de preservação ambiental. Para evitar o impacto que uma rodovia asfaltada traria ao local, especialistas estudam projetos que possam minimizar os danos ambientais.
De acordo com a Seil, um projeto com estudos florestais e documentação para o licenciamento ambiental foi orçado em R$ 1,1 milhão. O mesmo pacote prevê a elaboração de um projeto de engenharia para o trecho no valor de R$ 2,8 milhões.
Celso Felizardo
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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