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Mercado galopante



Para ser reconhecido como da raça, o macho precisa ter ao menos um metro de altura


Os produtores de frangos caipiras passaram a usar a expressão "pra mais de metro" ao pé da letra com a criação da raça índio gigante, tanto para aves de corte quanto para reprodutores. Para ter o tamanho mínimo necessário para receber a classificação, um macho deve superar 1 metro e uma fêmea, 85 centímetros. Acima dessa medida, os exemplares chegam a ser vendidos por mais de R$ 10 mil e são usados como melhoradores de terreiro, com redução no tempo de engorda para a venda de 150 para 90 dias, ou 40%.
A índio gigante nasceu em Goiás e Minas Gerais, do cruzamento entre as raças Shamo e Malaio com a tradicional galinha caipira, de quem herdou uma docilidade que lhe rendeu a pecha de ave ornamental. No entanto, passou rapidamente a ser observado como uma alternativa viável à produção de carne orgânica, que ganha mais consumidores com o passar dos dias. Isso porque o porte maior do que o de outras variedades caipiras, ou acaipiradas, rende até dois quilos extras de carne nas partes mais nobres das aves comerciais, como peito, coxa e sobrecoxa.
De olho nesse mercado, os irmãos Haroldo, de 23 anos, e Diogo Poliselli, de 21, resolveram apostar alto na criação de aves melhoradoras de plantel, no criatório Diamante Índio Gigante, em Jaguariúna (SP). Os dois são hoje donos dos maiores exemplares de índio gigantes, o Canário da Diamante, de 1,24 metro, e a Viola da Diamante, de 1,16 metro. "No primeiro ano, gastamos R$ 60 mil e o retorno já pagou o investimento, só com venda de aves de elite. Esse é o segundo ano e esperamos ter R$ 500 mil de faturamento", diz Haroldo.
Foram 150 animais adultos vendidos pelos Poliselli em pouco menos de dois anos para cerca de 90 clientes. Haroldo afirma que os animais recordistas em tamanho não têm preço, mas que tem notícia de um frango de 1,19 metro que foi comercializado por R$ 77 mil. Do criatório da família, o animal mais caro foi uma franga de 1 metro, pela qual recebeu R$ 12 mil. "Na raça índio gigante, a valorização é por centímetro porque uma ave de 1,20 metro tem maior probabilidade de dar filhotes de 1,20 metro do que uma que tenha 1,10 metro", diz.
São hoje duas associações e 70 criadores do índio gigante no País. Usadas para cruzar com galinhas caipiras comuns para o abate, as aves de elite já são raça pura. Sem necessidade de cuidados diferenciados em relação ao frango caipira tradicional, a raça chega a 2,5 quilos em 90 dias e já pode ser abatida. Com 130 dias, é possível chegar aos 4 quilos, o que o produtor afirma não ser possível com um frango comum, de porte menor. "Um adulto pode chegar a 8 quilos", conta Haroldo.
Vantagens de mercado que chamaram a atenção do produtor João Rodrigues de Oliveira Netto, do Sítio Santo Antônio, em Ribeirão do Pinhal, Norte Pioneiro. Ele começou a criar frangos caipiras para abate há quatro anos e, quando buscou formas de melhorar a produção, descobriu o índio gigante. "Introduzi para criar com galinhas caipiras e hoje só tenho índio gigante", diz.
Ao comercializar na região de sua propriedade, Oliveira Netto afirma que encontrou melhor aceitação para a carne de índio gigante do que para outras raças caipiras ou acaipiradas, como a label rouge. "O sabor é melhor e a vantagem é o abate em 90 dias, com 2,5 quilos", conta.
O produtor paranaense abate 100 aves ao mês, vendidos em feiras ou diretamente. Porém, não deixou de fazer a própria seleção e separa os melhores, e maiores, como reprodutores. Assim, faz a venda também de pintinhos ou mesmo de aves melhoradoras. "O mercado de frango caipira tem crescido bem porque as pessoas pensam em comer alimentos mais saudáveis, porque são aves que comem verde, além de ração, e não crescem tão rápido", completa.
Fábio Galiotto
Reportagem Local/folha de londrina

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