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Professoras emplacam prefeito em Assaí

Acácio Secci (PPS), que ganha R$ 1,7 mil como carteiro, passará a receber R$ 12 mil brutos como novo prefeito de Assaí; no detalhe, ele e a vice Inês Koguissi






Há cerca de um ano e meio, quando o pequeno grupo de professoras decidiu participar ativamente da política partidária, o objetivo era mobilizar a cidade e conquistar uma vaga na Câmara de Vereadores de Assaí (Região Metropolitana de Londrina). O saldo, inesperado, foi bem melhor. Além de dois vereadores eleitos, Michelle Matie (PPS) e Elcio dos Santos (PPS), o Piozo, o grupo cresceu, participou da disputa majoritária e elegeu o próximo prefeito da cidade, o carteiro Acácio Secci (PPS). Ele vai assumir o comando do Executivo municipal a partir do dia 1º de janeiro e administrar um orçamento de aproximadamente R$ 42 milhões.
"Não sabíamos nem o que era legenda ou quociente eleitoral, mas tínhamos o objetivo de que eu fosse me eleger. No decorrer, tive uns problemas de saúde na família, me afastei um pouco da campanha, mas o grupo foi se consolidando e decidiu lançar também a candidatura a prefeito", relatou a presidente do PPS na cidade, professora Janete de Oliveira Santos. Ela, a vice-prefeita eleita Inês Kiyomi Koguissi (PPS) e Acácio receberam a reportagem da FOLHA e contaram que a porta de entrada na campanha foi a da "indignação" com o tratamento recebido pela categoria no dia 29 de abril do ano passado, quando servidores estaduais – a maioria, professores – tiveram o movimento reprimido pela Polícia Militar no Centro Cívico, em Curitiba. "Não foi fácil apanhar. A revolta em voltar para a escola, amigos machucados, com mordidas de cachorros, corremos da polícia. Quando voltamos, decidimos agir de alguma forma e participar da política", disse Janete.
Acácio venceu a disputa por 5.160 votos (50,48%) contra 5.020 (49,11%) do atual prefeito Luiz Mestiço (PSDB), que tentava a reeleição. O terceiro colocado, Mattheus (PHS) teve apenas 41 votos. Conforme Janete, a reprovação contra a atitude do governo estadual respingou em Mestiço, do mesmo partido do governador Beto Richa (PSDB). As professoras avaliam que a mobilização política do grupo representa "um basta" nos políticos tradicionais, embora elas também tenham recebido apoio e orientação de nomes mais experientes, como o secretário de Obras de Londrina, Valmir Matos, coordenador regional do PPS e, durante a campanha, do ex-prefeito de Assaí Michel Ângelo Bomtempo (PTB), oposição a Mestiço.
O partido conseguiu filiar cerca de 50 pessoas dentro do prazo e montou coligação com PTB/PEN/PSL/PSD. Inês Kiyomi disse que Acácio foi escolhido candidato em uma confraternização no mês de março. "A gente ainda nem sabia bem o que era, por isso contamos com as orientações do Valmir (Matos) sobre as regras e as condições para disputar."

NO BATENTE
Como já havia passado do horário marcado para a entrevista, Acácio foi logo se explicando. "Estava no trabalho, entregando as correspondências", disse o prefeito eleito, que vai se licenciar do serviço na estatal. Formado em História e funcionário dos Correios há 23 anos, ele arrecadou em sua campanha "com doações de amigos" cerca de R$ 10 mil. "Mas gastamos menos." Luiz Mestiço, derrotado nas urnas, estima despesas em até R$ 50 mil.
Acácio já foi duas vezes candidato a vereador pelo PSDB, mas fez menos de 200 votos em cada. Sobre a campanha vitoriosa, avaliou que foi por causa da simplicidade. "Foi uma campanha simples, foi olho no olho, mais ouvir do que falar, é isso que o eleitor precisa. Se eu faço um grande comício, somente eu fico falando para um monte de gente, mas ninguém tem oportunidade de se expressar", ensinou o futuro prefeito de Assaí, orgulhoso por ter recebido um vídeo do presidente nacional dos Correios, Guilherme Campos, parabenizando-o pela vitória nas urnas. Com salário de R$ 1,7 mil, vai receber como prefeito R$ 12 mil brutos, mensalmente.
Edson Ferreira
Reportagem Local/folha de londrina

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