[Fechar]

Últimas notícias

Londrina se despede de d. Albano Cavallin

"A Igreja não é propriamente uma empresa, um partido. Ela é, sobretudo, inspiradora. Nosso trabalho é aparentemente pequeno, mas profundo. […] Quando se fala em modernismo, consumismo e egoísmo, nós trabalhamos outros valores: verdade, honestidade, justiça, amor ao trabalho. É por aí que a gente vai construindo." Essa foi a resposta de d. Albano Cavallin ao ser questionado sobre como a Igreja Católica poderia ajudar a comunidade a enfrentar os problemas sociais. Dom Albano assumiu a Arquidiocese de Londrina em 9 de maio de 1992. A entrevista foi publicada pela FOLHA no dia seguinte. Na época, ocupações e disputas de terras se espalhavam pelo Norte do Paraná. O arcebispo enfrentava ainda a redução no número de fiéis. Diante de tantos desafios, com tranquilidade, ele adiantou: "Não sou salvador da pátria". 
Arcebispo emérito de Londrina, d. Albano Bortoletto Cavallin morreu no início da tarde desta quarta-feira (1º) no Hospital Evangélico. Aos 86 anos, o religioso sofria de insuficiência cardíaca. O coração, que abraçou a cidade e conquistou milhares de fiéis, não resistiu a uma angioplastia. A morte de d. Albano foi lamentada por religiosos, representantes da sociedade civil e moradores de Londrina e região. 
Dom Albano nasceu na Lapa (Região Metropolitana de Curitiba) e frequentou seminários em Curitiba e em São Paulo. Tornou-se padre em 1953. Atuou em Curitiba, Guarapuava e Londrina. Com jeito simples e acolhedor, contava histórias para aproximar o Evangelho do dia a dia da comunidade. "Quando ainda não era padre, d. Albano foi convidado a ir a uma turma de catequese. Ele chegou e perdeu o controle da sala rapidamente. A catequista, baixinha, entrou e as crianças ficaram em silêncio. Ele disse em seguida: ‘Preciso aprender mais’", contou o padre Joel Medeiros. O religioso passou então a se dedicar à catequese e à formação de novos evangelizadores. 
Padre Joel havia sido ordenado poucos meses antes da chegada de d. Albano. O padre, responsável por organizar a celebração para a posse oficial, acompanhou toda a trajetória do arcebispo em Londrina. "Tivemos períodos difíceis, de desistência de alguns padres, problemas de terras... Nesses momentos, ele sempre procurava consultar os demais e não tomava decisões sozinho. Ele agia em comunidade", afirmou. Em 2005, ao completar 75 anos, d. Albano renunciou ao cargo, mas permaneceu na cidade. 



Nas últimas semanas, já com a saúde debilitada, pessoas próximas a ele pediram para que os demais integrantes da arquidiocese não o visitassem para que ele não se cansasse. "Estive algumas vezes com ele. Dom Albano já estava certo da partida e da ressurreição. Ele pedia a intercessão de d. Luciano Mendes de Almeida e orava para ele como santo", relatou o padre. Dom Luciano presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre 1987 e 1994. 
O velório de d. Albano Cavallin será realizado na Catedral de Londrina, a partir das 6 horas da manhã desta quinta-feira (2). O sepultamento também será na Catedral, nesta sexta-feira (3), após a celebração de uma missa seguida da cerimônia das Exéquias (orações dirigidas a pessoa falecida), a partir das 10 horas. Nove celebrações serão realizadas nesta quinta-feira entre as 7 horas e as 21 horas. Nas últimas semanas, d. Albano havia manifestado o desejo de que não fossem entregues coroas de flores durante o velório. Ele pediu que os fiéis doassem o valor da coroa para as obras da Fraternidade Toca de Assis. 

FONTE - Viviani Costa/FOLHA DE LONDRINA

Nenhum comentário

UA-102978914-2