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Retirada ilegal de peroba-rosa é identificada na zona rural

Dezenas de perobas-rosas foram retiradas de forma irregular de uma propriedade rural do Distrito de São Luiz, na zona sul de Londrina. As clareiras na mata foram descobertas após denúncia anônima feita ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Fiscais do instituto e equipes da Polícia Ambiental foram até o local e encontraram dezenas de toras que seriam destinadas à comercialização.
A área, de difícil acesso, é íngreme e faz parte da zona de amortecimento da Mata dos Godoy. Segundo o chefe regional do IAP, Ronaldo Siena, um grupo arrendou um sítio próximo a fazenda onde ocorreu a extração da madeira nobre. Uma casa no sítio funcionava como alojamento. Diversos maquinários foram encontrados no local, além de cavalos que eram utilizados para trazer a peroba da fazenda até a propriedade.
No local devastado, a Polícia Ambiental identificou, pelo menos, cinco clareiras. No entanto, para despistar a fiscalização, as árvores que seriam arrancadas eram escolhidas estrategicamente e a área devastada permanecia encoberta pelas árvores do entorno. Dessa forma, a clareira passava despercebida pelos fiscais e pela população.
As perobas eram derrubadas e já serradas em formato de pranchas. Em seguida, eram transportadas até o sítio. "Já tinha ponto certo para a entrega. O proprietário da fazenda, os responsáveis pela extração e os compradores podem responder pelo crime ambiental", afirmou Siena. As equipes ainda tentam encontrar os responsáveis.
A fazenda possui área aproximada de 365 hectares. O desmatamento estaria ocorrendo há vários meses, conforme Siena. A extração da peroba-rosa é proibida no Paraná. Além disso, três portarias publicadas pelo IAP proíbem o corte de qualquer árvore nativa em todo o Estado. A medida, válida desde julho do ano passado, tenta coibir o desmatamento.
O porte das árvores retiradas e a estrutura montada para comercializar a madeira chamaram a atenção do fiscal do IAP, José Carlos dos Santos. "Ali é um corredor de biodiversidade. São árvores centenárias com 60 a 80 centímetros de diâmetro", lamentou. O valor da multa por crime ambiental varia entre R$ 500 e R$ 10 milhões e é calculado de acordo com o porte e a espécie da árvore.
Os fiscais devem retornar à propriedade nesta quarta-feira (1º), com o apoio da Polícia Ambiental. A madeira e os maquinários ainda serão recolhidos. A equipe ainda não conseguiu avaliar os prejuízos ambientais e nem a quantidade de árvores derrubadas. Alguns palmitos também foram removidos para abrir caminho para o transporte das perobas.
Segundo a soldado Camila Reina, relações-públicas da Polícia Ambiental em Londrina, a equipe encontrou um caderno contendo nomes de madeireiras de Londrina e região e de alguns possíveis interessados na peroba-rosa. Os valores e os telefones para contato também estão anotados. "Era uma madeireira funcionando 24 horas. A gente acredita que eles só faziam a retirada no período da noite para não chamar tanto a atenção, mas eles cortavam as árvores durante o dia e tinham acampamento no meio da mata", destacou. Os proprietários da fazenda e do sítio serão notificados para prestar esclarecimentos.
Em julho do ano passado, a FOLHA publicou reportagem especial mostrando que o Paraná foi o Estado que mais desmatou áreas de Mata Atlântica entre 1985 e 2015, com 456 mil hectares derrubados.
Viviani Costa
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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