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Vereador recua e ameniza 'tom' em vídeo contra grevistas

Depois da repercussão nas redes sociais e da disposição dos sindicatos de representar contra ele na Câmara de Londrina, o vereador Filipe Barros (PRB) usou a tribuna do Legislativo, na sessão desta terça-feira (2), para admitir que se equivocou quanto à "forma" como se dirigiu aos manifestantes que foram às ruas durante a greve geral, na sexta-feira (28). Em vídeo gravado por um assessor e publicado no perfil do próprio parlamentar, Barros aparece dirigindo pelas ruas centrais da cidade e xingando os grevistas de "vagabundos" e exaltando o "bullying aos grevistas".
No domingo (30), dois dias após a greve e já tendo retirado o material do ar, Barros concedeu entrevista à FOLHA e confirmou as declarações. Perante os demais vereadores, ele justificou que estava indignado porque havia conversado com trabalhadores que "saíram a pé de Jataizinho e vieram a pé para a nossa cidade por conta da greve", além de outros grupos que teriam sido impedidos de chegar aos postos de trabalho. "Quanto à forma, me equivoquei, quanto ao conteúdo do vídeo, são as mesmas críticas que venho fazendo mesmo antes me candidatar, contra os sindicatos ligados à CUT", disse ele, reafirmando o tom contra sindicalistas.
Em entrevista coletiva, o vereador opinou que o seu erro foi o deboche. "Neste vídeo eu resolvi usar um tom de deboche porque estava enraivado por conta dos trabalhadores que me procuraram, mas acho que isso não causou uma boa impressão e confesso que me equivoquei quanto ao tom."
Questionado sobre o incentivo ao bullying, Barros afirmou que "é um modo de expressão, algumas pessoas interpretaram de diversas maneiras porque é um termo aberto até demais, então poderia ter usado uma outra palavra no lugar". O vereador negou que as declarações foram feitas com o objetivo de ofender os trabalhadores que participavam da greve. Segundo organizadores, foram 15 mil participantes. Barros preferiu atribuir à imprensa a culpa pela repercussão do material que ele publicou. "Minhas críticas foram dirigidas aos sindicalistas, mas parte da imprensa tratou como se eu estivesse denominado os trabalhadores. Eu não vi ninguém se pronunciando no sentido de defender esses trabalhadores que me procuraram."

REAÇÃO AMENA
Na sessão, partiu de três vereadores a reação à atitude de Barros. Entre os críticos, apenas Vilson Bittencourt (PSB) é integrante da Comissão de Ética. Segundo ele, "foi deselegante, pois é uma tristeza que todos tenham sido chamados de vagabundos". Rony Alves (PTB) afirmou que a atitude de Barros "foi extremamente agressiva e constrangedora para nós vereadores". Boca Aberta (PR), que recentemente recebeu censura escrita da Mesa por "excessos" durante uma fiscalização na UPA do Jardim do Sol, considerou que Barros foi "infeliz". "Se fosse eu que tivesse chamado alguém de vagabundo, tinha piquete aqui na frente pra me cassar." Todos, entretanto, elogiaram Barros por ter "reconhecido os excessos".
O presidente da Comissão de Ética, Gerson Araújo (PSDB) disse que não pode emitir opinião enquanto não houver alguma representação formal sobre o caso. "A Comissão tem que ser acionada", resumiu. Da mesma maneira, o corregedor da Casa, Jamil Janene (PP), afirmou que somente pode agir se for acionado. A exceção da Corregedoria são atos cometidos por parlamentares durante as atividades legislativas, o que não se enquadraria no caso de Barros.
Reunidos na segunda-feira (1), sindicatos de Londrina decidiram representar judicialmente contra o vereador, inclusive na Comissão de Ética da Câmara. Também está agendada para esta quinta-feira (4) uma manifestação na Câmara, na sessão ordinária.
Edson Ferreira
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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