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(28-09-2017)Cáritas lança campanha de apoio a migrantes e refugiados

Deusa Favero, d. Geremias Steinmetz, irmã Inês Facioli e o haitiano Alcenard Succes durante coletiva de lançamento da campanha em Londrina


"O mundo é para todos." Com essa simples afirmação, o arcebispo de Londrina, d. Geremias Steinmetz, resumiu a necessidade da campanha "Compartilhando viagem", lançada pela Cáritas Internacional na quarta-feira (27) e cujo objetivo é apoiar os migrantes e refugiados em todo o mundo. Em Londrina, a campanha foi apresentada para a imprensa e seria lançada oficialmente na noite do dia 27. A iniciativa, conforme explicou, partiu do próprio papa Francisco, que pediu um novo olhar para o drama da chamada mobilidade forçada.

Dom Geremias, que também é bispo referencial da Cáritas Regional Sul 2 (Paraná), informou que a campanha terá duração de dois anos e pretende contribuir para que a sociedade compreenda as razões que levam tantas pessoas a deixar a própria casa neste momento da história marcado por uma grande crise humanitária.

O religioso informou que o número de refugiados e deslocados no mundo atingiu 65,6 milhões de pessoas em 2016, um crescimento de 300 mil em comparação com o ano anterior. A informação é do Relatório Global sobre Deslocamento Forçado da ONU (Organização das Nações Unidas). O documento revela que desse total, 10,3 milhões foram forçadas a deixarem seus lares pela primeira vez e metade são crianças, inclusive viajando sozinhas. O maior fluxo de refugiados do planeta é provocado pela guerra da Síria, que já dura seis anos.

Londrina e região fazem parte do destino de muitos migrantes. Conforme informações da irmã Inês Facioli, da Pastoral do Migrante, a estimativa é que em torno de 3.000 pessoas estejam na região, vindas de países como Haiti, Bangladesh, Colômbia, Cuba, Síria, Paraguai, Senegal, Gana, Moçambique, Venezuela e Argentina. Somente no primeiro semestre de 2017, mais de 200 famílias foram acompanhadas por Cáritas e Pastoral do Migrante, seja para orientações jurídicas ou encaminhamento à rede socioassistencial.

"O Brasil tem condições de receber essas pessoas, que vivem o drama de se despedir dos filhos, dos amigos.... Abrem mão da sua casa e da sua cultura", reforçou d. Geremias, lembrando que, além das guerras, questões ambientais como falta de chuva, água e alimentos também motivam os deslocamentos.

Deusa Rodrigues Favero, coordenadora executiva da Cáritas em Londrina, lembrou que o fenômeno das migrações não é novo. "Está nas histórias pessoais de muitos brasileiros, cujos antepassados saíram dos países de origem em busca de oportunidades de uma vida melhor", disse, ressaltando que as ondas migratórias atuais podem ser consideradas como a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. "Londrina está na rota das migrações. A maior dificuldade é combater o preconceito", afirmou.

Irmã Inês revelou que, durante as visitas que faz às moradias de refugiados e migrantes da região, percebe que o desemprego é o maior desafio a ser vencido. "Temos mais de 50 currículos à espera de uma oportunidade", apontou. Outra dificuldade é ajudar os estrangeiros a aprenderem português. Apesar de haver aulas nas igrejas dos jardins Maria Lúcia (zona oeste de Londrina) e Ana Rosa, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), além de uma turma na escola municipal do Santo Amaro, também em Cambé, e outra na Catedral de Londrina, nem todos conseguem frequentar. A religiosa se preocupa ainda com as crianças dos migrantes que ficaram no país de origem e estão sendo criadas sem a presença dos pais.

No Brasil desde 2013, o haitiano Alcenard Succes conhece o drama de ter deixado os filhos em busca de oportunidades. Ele migrou com a esposa e, desde então, a maior preocupação é mandar dinheiro para os familiares que cuidam das crianças. "Sempre que vejo fotos, a saudade é imensa", contou ele, que trabalhou três anos em Santa Catarina, onde chegou sem conhecer ninguém e foi ajudado por um brasileiro que, hoje, considera como "parte da família".

Após ficar desempregado, Succes decidiu mudar para Londrina a convite de um amigo e, hoje, é jardineiro na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. "Vim em busca de uma vida melhor. Tenho planos de trazer meus filhos, mas falta dinheiro e resolver assuntos de documentação", contou.
Carolina Avansini
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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