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Belagrícola investirá todo o valor pago por chineses Objetivo é dar solidez a negócios com novos produtos físicos e financeiros para crescer 25% no primeiro ano de parceria com Dakang

Flávio Barbosa Andreo, Ge Junjie, Xia Xiaoling, João Andreo Colofatti e Carlos Barbosa Andreo


A Belagrícola injetará no negócio todos os US$ 253 milhões, ou R$ 811 milhões, pagos pela chinesa Dakang Food e Agriculture por seu controle acionário, para criar novos produtos físicos e financeiros e chegar a um crescimento de 25% no próximo ano. Em assinatura simbólica do contrato entre as duas empresas na terça-feira, 28, na sede da empresa em Londrina, diretores afirmaram que os recursos serão usados para dar solidez aos negócios e à atividade agrícola na região.

O CEO da Belagrícola, Flavio Barbosa Andreo, diz que a ideia é usar os próximos meses para controlar custos, ganhar eficiência e fortalecer a relação entre os funcionários dos dois países. Porém, cita que está nos planos criar novas linhas de produtos para o mercado chinês e também para os produtores. "Temos um projeto específico de fechar um canal direto de comercialização com a China e de oferecer produtos financeiros aos agricultores, como adiantamento de safra."
Ele conta que a Belagrícola já presta serviços do tipo, mas em volumes pequenos. "Não é uma operação bancária, não temos esse interesse", diz. "São operações financeiras lastreadas em grãos, como adiantamentos de safra, que já fazemos e passaremos a fazer de forma estruturada", completa Andreo, sobre a empresa que teve faturamento de R$ 2,8 bilhões no ano passado e faz projeção semelhante para 2017.
O presidente da Belagrícola, João Andreo Colofatti, diz que a injeção deve fortalecer a capacidade de fazer negócios internacionalmente. "O dinheiro todo será investido dentro da empresa, sem tirar nada para os acionistas", diz. "Nosso foco sempre é melhorar as condições para o produtor", completa.
Comercializadora de grãos e insumos agrícolas, a companhia teve o negócio anunciado no fim de maio deste ano e o valor confirmado apenas no início de novembro. A chinesa Dakang passou a deter 53,99% de participação acionária e os fundadores, 46,01%. O grupo chinês também havia comprado em 2016 o controle da Fiagril, com sede em Lucas do Rio Verde (MT) e do mesmo ramo.
O presidente executivo da Dakang, Ge Junjie, afirma que os negócios com empresas brasileiras são prioridade pelo potencial de crescimento e pela necessidade da China de ter segurança alimentar, com um mercado consumidor de 1,4 bilhão de pessoas e cada vez mais comprador. Ele estima que o primeiro ano será usado para internacionalização da marca Belagrícola. "Vamos focar na melhoria da governança da empresa e na eficiência, para aproveitar as vantagens competitivas e por termos respaldo dos canais de venda na China."
Outra possibilidade é criar uma linha de produtos a partir do Brasil, diretamente para os mercados chineses. O grupo fez o mesmo quando comprou fazendas de leite na Nova Zelândia e desenvolveu uma linha de lácteos distribuídos no gigante asiático.

FOME GRANDE
Ministra conselheira do departamento econômico do consulado chinês no Brasil, Xia Xiaoling diz que a parceria é exemplo de como devem ser as relações institucionais e econômicas entre os dois países. Ela cita que o comércio bilateral entre os dois países já acumula US$ 66,5 bilhões nos três primeiros trimestres de 2017, alta de 28,4% em relação ao mesmo período de 2016. Ainda, lembra que desde maio foi criado um fundo bancado pelos governos brasileiro e chinês para financiamento de negócios entre ambos com US$ 20 bilhões disponíveis.

HISTÓRIA 
Fundada em 1985 em Bela Vista do Paraíso, na Região Metropolitana de Londrina, a Belagrícola se tornou um dos maiores distribuidores de insumos e comercializadores de grãos do Brasil. Está no ranking das "1000 Maiores Empresas do Brasil", da Revista Exame, e na 26ª posição entre as maiores da Região Sul em vendas líquidas. São 38 unidades de recebimento de grãos, 55 lojas de insumos e 1,6 mil funcionários, com atuação no Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
Fábio Galiotto
Reportagem Local - FOLHA DE LONDRINA

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