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Economia de Cornélio pode crescer ainda mais

Chegada dos universitários a Cornélio fomentou a indústria da construção civil, além de aquecer os setores de alimentação, farmácia e prestação de serviços


A chegada de 338 novos alunos à UTFPR (Universidade Tecnológica Federal) de Cornélio Procópio, representa uma injeção na economia do município, segundo dados apresentados pelo pesquisador em informática em saúde do laboratório de computação visual da universidade, professor Eduardo Filgueiras Damasceno. "O total de matriculados no segundo semestre de 2017 foi de 2.652 alunos e o número passa agora para 2.990." Ele considera que tenha um olhar especial para os alunos, bem como para a cidade, seu potencial e forma de receber os migrantes.

"Caso o aluno fique na cidade, em média, os cinco anos previstos de seu curso, durante esse período, por ano, ele terá um consumo médio de pouco mais de R$ 1,2 mil por mês em serviços e bens de consumo. Projetando para um ano apenas um aluno acaba tendo quase que o consumo de uma família de 3 pessoas que seja natural da cidade." Financeiramente, contabiliza o Damasceno, "esse aluno sustenta uma pirâmide de serviços e bens de consumo maior, não gera dados para composição do IDH (índice de desenvolvimento humano) e não se apresenta dentro das estatísticas habitacionais ou de serviço social. E note que este aluno não está economicamente ativo."

Para o estudioso, empresários e investidores devem estar atentos a isso e até mesmo incrementar serviços voltados a essa demanda. "Essa é a nossa maior estratégia, pois poucas cidades do tamanho de Cornélio Procópio, com pouco mais de 48 mil habitantes, possuem uma instituição de ensino superior federal com tantos cursos em funcionamento. Daí a necessidade de atrair mais investimentos direcionados à dita 'economia dos universitários'. Veja que não falo de apenas moradia, mas de serviços como lanchonetes e restaurantes, farmácia, supermercado, livraria, lojas especializadas em produtos para engenharia, foco do campus. E, principalmente, que o empresário local e o advindo saibam que o cliente em potencial gerará divisas comercias e pode ser fidelizado durante a estadia de cinco anos", argumenta.

Segundo o professor, a maior baixa de alunos é quando chega o semestre do estágio supervisionado. "Como a cidade oferta muito poucas vagas para estágios, os alunos acabam aceitando morar em outra cidade e vir de ônibus cursar as disciplinas finais ou, quando não, trancam as disciplinas curriculares para executarem o estágio e depois voltam para terminar o curso. Se conseguíssemos investidores e empreendedores de visão para observar este novo nicho, a cidade poderia abarcar muito mais empresas e alunos", dá a dica. "A cada início de semestre, chegam novos 338 alunos. Os formados são 120 alunos. Assim, temos um saldo de pelo menos 228 novos moradores da cidade, que incrementarão os dados apresentados", esclarece.

PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
Ainda segundo Damasceno, a UTFPR oferece um programa de assistência estudantil que aporta, mas não completamente, os gastos necessários para esses alunos estudarem na cidade (auxílio-moradia, auxílio-alimentação e um auxílio básico para material escolar). Todos estes auxílios, são conseguidos por edital que o aluno depois de matriculado pode pleitear. "Para concessão dos benefícios são realizadas análises pela nossa equipe composta por assistentes sociais, psicólogas e psicopedagogas", avisa.

Entidades reconhecem potencial universitário

De acordo com Marli Costa, da Diretoria da ACECP (Associação Comercial e Empresarial de Cornélio Procópio), não há um planejamento ou ação específica para recepcionar novos alunos. Mas a entidade considera que haja um tratamento especial aos acadêmicos. "Nosso município oferece sempre um atendimento diferenciado. Percebemos que a grande maioria dos alunos, quase sua totalidade, loca casas, apartamentos e quitinetes na cidade."

Sobre a presença de universitários, a associação considera que esse fato gera influências na rotina da cidade. "Houve um investimento significativo na área da construção civil em nosso município para novos empreendimentos, inclusive apartamentos e quitinetes direcionados ao perfil desse público." E para a economia local, de modo geral, argumenta: "fomentou a indústria da construção civil, aqueceu os setores de alimentação, farmácia e prestação de serviços em modo geral".

Dois anos à frente do Codep (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de Cornélio Procópio), o presidente da entidade, Carlos Henrique Romanini Trautwein, reforça a necessidade de parceria entre as universidades e setores público e privado para se unirem em prol do crescimento de Cornélio. "Por natureza, já somos uma cidade polo e graças à união da Associação Comercial, do Codep, Prefeitura e Sebrae, queremos voltar a ser referência. Esse é um caminho a ser seguido e a sociedade civil organizada também já entendeu isso e temos que valorizar a qualidade da mão de obra e conhecimento dos universitários que estão aqui, além do potencial empreendedor que possuem e torná-los cidadãos procopenses."

Do ponto de vista de Trautwein, há um potencial que não pode ser desperdiçado, dada a riqueza desses estudantes e o que podem produzir para o município. "Para atingirmos nosso objetivo, toda a sociedade precisa se comprometer em um programa com um plano de desenvolvimento continuado, apartidário, pois temos um mercado muito próspero. Desde a instalação da universidade, várias empresas chegaram e, conforme a demanda, vemos por exemplo a construção de novos imóveis", cita.
Walkiria Vieira
Grupo FOLHA DE LONDRINA

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