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Redução do compulsório dá mais poder ao tomador de crédito

Os produtores devem contar com agilidade na liberação do crédito e variedade de linhas para investimento no campo


Os produtores que forem à 58ª ExpoLondrina, que se inicia nesta quinta-feira (5), ganharam mais poder para negociar crédito junto aos sete bancos que participarão da feira. Isso por causa da redução do compulsório sobre depósitos à vista e sobre a caderneta de poupança determinada semana passada pelo Banco Central. O compulsório é a parte do dinheiro que a instituição financeira é obrigada a recolher, como garantia, à autoridade financeira. Ele baixou de 40% para 25% sobre os depósitos à vista, de 21% para 20% na poupança rural, e de 24,5% para 20% nas demais poupanças. A estimativa do mercado é que a medida tenha liberado R$ 25,7 bilhões para os bancos emprestarem aos clientes.

A sobra de recursos e a baixa da taxa referencial de juros (Selic), que chegou a 6,5% ao ano na semana passada, fazem com que o crédito oficial subsidiado pelo governo no Plano Safra 2017/2018 perca competitividade em relação às demais linhas, ainda mais para produtores de médio (Pronamp) e grande porte (D+) que acessam taxas entre 7,5% e 8,5%.
A Caixa, que em março realizou uma campanha de corte de 1% nos juros do crédito rural, confirmou nesta terça-feira (3) que irá prorrogar essa condição até 30 de junho, mantendo as taxas em 6,7% e 7% para médio e grande produtor rural, respectivamente. Isso e mais a promessa de agilidade na liberação do crédito, segundo o superintendente regional da Caixa em Londrina, Wlademir Roberto dos Santos, devem fazer o produtor contratar já na ExpoLondrina o crédito com base no atual plano safra e não esperar o novo, que será divulgado no segundo semestre.
"As projeções dos organizadores da ExpoLondrina para o evento são as melhores possíveis frente à recuperação dos preços da soja e do milho e a retomada da economia como um todo. Além disso, estamos focados em operacionalizar no menor tempo possível a liberação do crédito", justifica. "O que a gente quer é fechar negócio nas modalidades de custeio e custeio antecipado", esclarece.
Mesmo otimismo se repete com o Banco do Brasil, que soma agilidade na liberação do crédito (entre três e sete dias), com variedade de linhas (para drones, ordenha, silos, etc), ao apetite do produtor por investir. "Nossa expectativa de crescimento em relação à ExpoLondrina de 2017 é de que as contratações de crédito via Banco do Brasil cresçam em 30%, quase a totalidade dos mais de R$ 500 milhões que serão movimentados em negócios", afirma o superintendente regional do banco em Londrina, Felício Leovan Stéfani.
O assessor de negócios de crédito do Sicredi União PR/SP, Gilberto Paulo Rauber, também espera crescimento em contratações. "Queremos prospectar toda a carteira, cerca de R$ 20 milhões, o que equivale a uma aposta de incremento entre 15% e 20% em relação aos negócios que derivaram do evento passado", informa Rauber.

Na ponta do lápis

Além da agilidade e opções para o tomador de crédito rural, as instituições financeiras ouvidas pela FOLHA apontaram o risco de aumento do custos de insumos como motivo para o produtor tomar o crédito já na ExpoLondrina com base no Plano Safra 2017/2018. Eles querem convencer os clientes que uma suposta redução de juros no plano a ser divulgado no segundo semestre pode não ser vantajosa.
"Historicamente, os insumos ficam mais caros no segundo semestre, quando se aproxima o plantio da safra verão", observa a gerente de agronegócio da Caixa em Londrina, Lidiane Aquino Martins.
"Como o plano é anualizado, temos pouca maleabilidade de mudar os juros do Plano Safra atual, mas ter o dinheiro nas mãos de forma rápida pode ser mais interessante dependendo do tempo do financiamento. Para custeio, há de se ponderar que, historicamente, os insumos reajustam em 15%, fora o fator câmbio em um ano de eleições no Brasil", alerta o superintendente regional do Banco do Brasil em Londrina, Felício Leovan Stéfani.
Para o professor dos cursos de Economia e Administração da FAE Centro Universitário e de Agronomia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Eugenio Stefanelo, a aposta é certa na queda dos juros para o Plano Safra 2018/2019. "O Ministério da Fazenda trabalha com a base de 1,5% de redução, o da Agricultura com 2% e as entidades do setor querem 3%. Eu acredito que a redução ficará em 2% ao ano, até porque o BC, finalmente, está forçando com tais medidas as instituições financeiras a buscarem sua rentabilidade na melhora do crédito, não nas taxas", analisa.
"É chegada a hora de uma força inusitada da ponta tomadora de crédito, uma oportunidade excepcional de se conseguir melhores condições, uma vez que os bancos também querem emprestar, não se pode tirar da cabeça que esse é o principal negócio deles", orienta Stefanelo, cravando que a Selic deverá baixar para 6,25% na próxima reunião do Copom, favorecendo ainda mais um Plano Safra 2018/2019 com juros mais baixos. (M.M.)
Magaléa Mazziotti
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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