Deputado envolvido em briga de trânsito está com a carteira de motorista suspensa
Hidekazu
Takayama (PSC-PR) deveria ter entregue a carteira de habilitação ao
Detran. Documento, além de estar cassado por multas, está vencido desde
novembro de 2017*
O deputado federal Hidekazu Takayama (PSC-PR), que se envolveu numa
briga de trânsito na noite de sábado (14), em Curitiba, não poderia
estar dirigindo. Ele está com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
vencida desde novembro de 2017 e com o direito de dirigir suspenso, por
causa de uma sequência de multas de trânsito.
De acordo com o extrato do Detran, Takayama acumula 18 multas, no
período de 2014 a 2017 – sendo 16 em Curitiba, uma em Cascavel (Oeste
do Paraná) e uma em rodovia. A maioria das infrações, dez, é por dirigir
em até 20% acima do limite de velocidade, uma por exceder de 20% a 50% o
limite, uma por uso do celular ao volante, outra por avançar o sinal
vermelho, outra por trafegar na via expressa do ônibus, duas por
estacionamento rotativo, uma por trafegar sobre o passeio ou calçada e
outra por estacionar na área reservada para pessoas com deficiência.
As multas em todo o período somam 85 pontos, mas alguns já venceram.
Contudo, há dois processos que levam à suspensão da CNH. O primeiro
reúne quatro infrações, cometidas no prazo de três meses, entre o final
de 2015 e o começo de 2016, totalizando 22 pontos. Em função desse caso,
o deputado recorreu das multas, mas não teve as justificativas aceitas.
Por isso, foi informado de que deveria entregar a CNH e ficar sem
dirigir por um mês.
O segundo processo também concentra quatro multas, aplicadas entre o
final de 2016 e o final de 2017, que excedem os 20 pontos . A suspensão
prevista é de seis meses. Nesse último caso, o parlamentar tem até 8 de
agosto para entregar a defesa prévia.
O deputado foi procurado pela Gazeta do Povo e confirmou que estava
dirigindo com a CNH suspensa, embora não tenha se pronunciado sobre o
documento estar vencido. Ele alegou que tem muitos carros e que muitas
pessoas dirigem os veículos, resultando em multas que acabam sendo
destinadas a ele. Takayama reafirmou que foi agredido durante a briga de
trânsito no último sábado. Confira a íntegra da nota enviada pelo
deputado , por meio de sua assessoria.
*Entenda o caso*
Takayama se envolveu numa confusão na esquina da Rua Brigadeiro Franco
com a Avenida Vicente Machado, em Curitiba. A Gazeta do Povo entrevistou
Takayama, que apresentou a versão dele para o ocorrido. Ele estaria
indo para casa, num Hyundai Azera branco, trafegando pela Brigadeiro
Franco, quando um caminhão ocupou mais do que o espaço de uma pista. Ele
teria também se deslocado para o lado. Nesse momento, o motorista da
terceira pista, também num carro branco, não teria gostado da manobra e
teria passado a “fechar” o carro do deputado e a ofendê-lo.
“O que é isso, rapaz?”, teria questionado o deputado. O outro motorista
teria impedido a passagem de seu carro. Ambos desceram dos veículos e
começou o bate-boca. Takayama afirma que não agrediu ninguém - nem o
motorista nem a mulher que estava com ele -, mas que o rapaz teria
chutado várias vezes a porta do carro do parlamentar, causando danos.
Ele registrou um boletim de ocorrência, mas afirma que não pretende
tomar mais nenhuma medida – somente cobrar o prejuízo, se o conserto
ficar muito caro. “Foi só é um briguinha de trânsito”, resumiu.
A polícia militar foi até o local, motivada por uma chama pelo telefone
190, mas não levou o caso adiante alegando que as partes teriam entrado
em acordo.
O outro envolvido no incidente, Rafael dos Santos, é dono de uma
pizzaria e também contou a sua versão do caso. Disse que foi “fechado”
pelo deputado, que o parlamentar começou a briga, agredindo-o com um
soco no rosto e que ele apenas reagiu à violência. O comerciante afirmou
ainda que irá registrar uma queixa e fazer exame de corpo de delito na
tarde desta segunda-feira (16).
Depois da publicação da reportagem, o deputado procurou a Gazeta do
Povo, por meio da assessoria de imprensa. Em nota, ele lamenta que fatos
passados tenham sido associados à ocorrência de agora e pondera que é
estranho esse tipo de divulgação em período eleitoral. Também solicita
que um vídeo com parte da discussão na rua seja incluído na reportagem.
Ao receber as imagens na noite de sábado, a Gazeta do Povo optou por não
divulgá-las porque não mostravam como a confusão havia começado e
porque envolvia terceiros. No vídeo, aparece uma troca de ofensas e um
homem chuta a porta do carro do deputado e depois dá um safanão no
parlamentar – durante a entrevista por telefone, Takayama negou que
tivesse sofrido agressão física.
Sobre a divulgação do caso ocorrido em 2015, o entendimento foi de que o
precedente e a postura polêmica do parlamentar são importantes para
contextualizar os fatos. Além disso, a versão dada pela deputado sobre a
ocorrência recente, obtida em entrevista por telefone, foi publicada.
*Retrospecto*
Não é a primeira vez que Takyama se vê envolvido em uma situação desse
tipo: em 2015 ele discutiu com o motorista do então senador Delcídio
Amaral (PT-MS), na chapelaria do Congresso Federal. O parlamentar e o
motorista discutiram por causa de uma vaga de estacionamento. Imagens
das câmeras de segurança do Senado captaram o instante da confusão à
época. O vídeo mostra que Takayama agrediu primeiro o motorista, que
reagiu com violência. No caso daquele ano, o deputado negou que tenha
começado a briga e que respondeu a impropérios recebidos. Pastor da
igreja Assembleia de Deus e pré-candidato ao Senado, ele esteve na
Gazeta do Povo em maio para participar das sabatinas com os
concorrentes. Na ocasião, falou sobre a confusão ocorrida em 2015.
Leia a íntegra da nota enviada pelo deputado Takayama
Como pessoa pública que sou, tenho varias pessoas trabalhando comigo.
Algumas delas, como motoristas, outras, cumprindo questões
administrativas e que em certos momentos, necessitam dos carros. Os
veículos todos que possuo estão em meu nome, claro! Por isso as multas
estão em minha carteira! Devido à troca de condutores, não houve o
cuidado de fazer a apresentação dos infratores na época de algumas
multas! Outras, claro, são minhas é minha assessoria jurídica já tomou
as devidas providências e está acompanhando tudo. Alguns carros,
inclusive, já foram vendidos... Foi devido ao excesso de multas que
minha carteira foi suspensa. Eu dirigi com a carteira suspensa sim...
isso não é crime. É infração de trânsito. Ao contrário da violência que
sofri... verbal e fisica. Agressão ao idoso é crime previsto em lei!
Temos o Estatuto do Idoso e todos sabem que isso é crime! Meu carro foi
fechado, a porta foi chutada, levei um soco no rosto, tive minha mão
presa pelo condutor no carro e, como reação, eu precisei empurra-lo e
bater contra ele para me desvencilhar e não sofrer um acidente maior! O
rapaz envolvido no acidente era o dobro de mim! Me fechou, enxovalhou e
agrediu! Eu me defendi como pude!
*Matéria Gazeta do Povo*
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