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Quebra de safra no feijão - Quem colheu por último colheu melhor

Os produtores de feijão que foram a campo logo no início da janela de plantio enfrentaram mais problemas climáticos, entregaram grãos mais castigados e a preços pouco remuneradores, na média paranaense. No entanto, os agricultores que atrasaram mais a semeadura conseguiram resultados melhores, tanto em produtividade quanto em qualidade, com a possibilidade de receber mais do que o dobro pela mesma saca de 60 kg vendida há um mês.

Essa disparada nos preços já é sentida pelos consumidores nos supermercados e deve continuar ao menos até abril, quando a segunda safra do feijão chegar às prateleiras. Isso porque já era esperada uma produção menor, já que a área plantada caiu 16% no ciclo 2018/19 ante o anterior, para um total de 162,3 mil hectares (ha), segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento).

Na primeira safra, houve excesso de chuvas na semeadura, forte calor e seca na fase de desenvolvimento, além de umidade na colheita. Contudo, o Deral registrou um ganho na qualidade dos grãos entre os relatórios semanais, o que mostra um cenário um pouco melhor para quem está em atividade na colheita.

O relatório do órgãos de 14 de janeiro mostrava que 46% do feijão colhido no Estado era considerado bom e 14%, ruim. O índice de produtos de alta qualidade pulou para 71% na coleta de informações do último dia 21. "É de produtor para produtor. Aqueles que plantaram antes sofreram mais e não aproveitaram tanto esses preços como quem ainda está colhendo", diz o economista Marcelo Garrido, do Deral.

As principais regiões produtoras e que também são as primeiras a semear foram as que mais sofreram, como Ponta Grossa (-23% e um total de 59,4 mil t), Curitiba (-34% e 49,8 mil t) e União da Vitória (-39% e 20,9 mil t). Por outro lado, o resultado foi melhor em Irati (6% e 52,5 mil t) e Guarapuava (-4% e 30,6 mil t), de acordo com o Deral.

O presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses), Marcelo Luders, diz que o valor da saca chegou a aumentar 40% em um dia na semana passada. "E não é por especulação, mas porque havia falta do produto no Paraná que reflete as perdas aqui e em outros locais, como Minas e Goiás", conta.

São Estados em que o plantio foi menor do que o normal justamente porque a cultura rendeu pouco no ciclo anterior. "Já se pagou de R$ 320 a R$ 340 pela saca de 60 kg nesses locais", diz Luders. "Temos produtores com perdas severas, de até 70%, mas se ele não vendeu ainda e tiver produto de qualidade pode ser que não fique no prejuízo", completa.

PERSPECTIVAS
Garrido prefere não arriscar um aumento da área na segunda safra ante as previsões iniciais, que eram de diminuição de 17%, para 176,6 mil ha. "Isso não impede que, continuando esses preços, alguns produtores que ainda vão a campo decidam plantar mais", diz o economista.

Por outro lado, Luders, afirma que já há maior movimento na venda de sementes no Estado e também em outros dos principais produtores. "Trabalhamos com a hipótese que a área plantada vai aumentar bem e já falam em 20% a 30% a mais de produção em Goiás e Minas Gerais", cita.

Com isso, Luders acredita que há possibilidade de 2019 ser um dos anos com a maior gangorra de preços, com um primeiro semestre com valores próximos ao recorde e um segundo semestre com excedente, se o clima ajudar.

Jose Marcos
Jose Marcos

Fábio Galiotto
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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