Empresário suspeito de ser mandante de crime em posto de combustíveis em Curitiba se contradiz em depoimentos, diz polícia
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Crime ocorreu no dia 11 de junho; advogado e um amigo foram mortos a tiros durante cobrança de uma dívida de R$ 480 mil. |
O empresário Bruno Ramos, suspeito de ser o mandante do crime que vitimou
duas pessoas em um posto de combustíveis, em Curitiba, apresentou
contradições durante os interrogatórios, segundo a Polícia Civil.
O crime foi
registrado no dia 11 de junho, na loja de conveniência do posto, que fica no
Centro da capital, e foi motivado por uma
dívida de R$ 480 mil envolvendo pedras preciosas, segundo a polícia.
O advogado Igor
Kalluff, de 40 anos, e o amigo e motoboy Henrique Mendes Neto, de 38 anos,
foram mortos a tiros. Além de Bruno, Ilson Bueno de Souza Júnior e André Bueno
de Souza, suspeitos de terem atirado contra as vítimas, estão presos. A polícia
trabalha para encontrar o terceiro suspeito, que aparece armado na cena do
crime, mas não atira.
De acordo com a
polícia, as contradições começaram quando, em um dos depoimentos, Bruno disse
que combinou de buscar Junior [um dos atiradores preso] em um ponto de
Curitiba. Ele disse ainda que, ao chegar no local, Junior teria pedido para que
Bruno desse carona a outros dois homens.
No entanto, um print de uma troca de mensagens entre o
empresário e Junior, indica que o endereço não era em Curitiba, mas, sim, em
Araucária, na região metropolitana.
A mensagem mostra ainda a confirmação
de Bruno ao chegar ao local uma hora e meia depois. "Tô aqui".
Bruno Ramos, Ilson Bueno de Souza
Júnior e André Bueno de Souza foram indiciados pela
Polícia Civil por duplo homicídio.
Conforme a Polícia Civil, no segundo
interrogatório, Bruno admitiu que mentiu por instrução do advogado que o
representava inicialmente, que não está mais no caso.
A câmera de segurança da loja de
conveniências não captou o som, apenas as imagens. Por isso, a polícia não
consegue saber exatamente o que aconteceu momentos antes dos tiros.
Bruno disse que houve uma discussão
entre Igor Kalluf e Júnior. A polícia acredita que ao sair da loja, o
empresário deu um sinal para que os homens atirassem.
Outra contradição apontada pela polícia
é de que, no primeiro interrogatório, Bruno disse que não se encontrou com o
trio depois do tiroteio. Contudo, imagens de câmeras de segurança mostram o
empresário buscando os homens a algumas quadras do posto onde ocorreu o crime.
Depois, perguntado novamente sobre o
assunto, o empresário afirmou não ter entendido a pergunta.
Segundo as investigações, o advogado morto no posto foi
contratado por um ourives para negociar a dívida de R$ 480 mil em pedras
preciosas com o empresário Bruno Ramos.
O encontro no posto, de acordo com as investigações, foi marcado
para falar sobre o pagamento da dívida. O vendedor de pedras preciosas era
considerado testemunha sigilosa da polícia, e prestou dois depoimentos.
Imagens de uma câmera de segurança da loja de conveniência do posto
mostram os indiciados e o momento do crime. Assista ao
vídeo acima.
Conforme as investigações, o ourives repassou 480 quilates de
esmeraldas, de diferentes tamanhos, ao empresário Bruno Caetano. O especialista
contou à polícia que esta não tinha sido a única entrega que fez a Bruno. Eles
disse que os dois já também trabalharam juntos na venda de diamantes.
Mas, em nenhuma das vezes o ourives pegou qualquer garantia de
Bruno. Ele disse, segundo as investigações, que isso é um costuma no ramo.
O ourives também contou à polícia que, para uma das remessas de
diamantes, Bruno conseguiu um negócio na Europa e que chegou a ir pra lá
entregar as pedras preciosas. Mas, que, na volta da viagem, Bruno disse que
sofreu um golpe e que o pagamento foi feito com notas falsas de euros.
Antes disso, segundo o ourives, ele já tinha entregado as
esmeraldas a Bruno.
O empresário Bruno Ramos foi preso na casa onde mora, em São
José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ilson Bueno de Souza Júnior e André Bueno de Souza foram
localizados pela polícia no bairro Pinheirinho, em Curitiba. Na delegacia, eles
preferiram ficaram em silêncio.
O que dizem as defesas
A advogado Claudio Dalledone, que defende Bruno Ramos, disse que
o cliente é inocente.
"Toda e qualquer contradição, imaginada ou possível, foram
todas sanadas quando o próprio Bruno se disponibilizou a falar novamente com a
delegada. Bruno é inocente, não mandou matar ninguém e não há prova indiciária,
sequer, que possa fazer imaginar algo nesse sentido", afirmou o advogado.
A defesa de Ilson e André Bueno, representada pelo advogado
Nilton Ribeiro, disse que vai aguardar a denuncia do Ministério Público do
Paraná (MP-PR). Mas que, por ora, lamenta a perda de duas vidas. O advogado
disse ainda que os irmãos não vão se eximir de suas responsabilidades.
O advogado da família de Igor Kalluf
também disse que vai aguardar a posição do MP para se pronunciar.
FONTE –G1 PR