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Pandemia provocará mudança de paradigma nas eleições

FOLHA DE LONDRINA
A campanha eleitoral oficial terá início no dia 27 de setembro, apenas 49 dias antes do dia da votação para o primeiro turno, 15 de novembro. Se a busca do voto corpo a corpo era a tônica das eleições municipais anteriores, o palco muda com a pandemia do novo coronavírus e leva os candidatos a buscarem seus eleitores majoritariamente no ambiente virtual, utilizando principalmente as redes sociais, já que a necessidade de isolamento social impede que a campanha seja feita em comícios, carreatas ou por visitas a ambientes movimentados. 

A situação tende a beneficiar quem busca a reeleição. Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogados eleitorais anteveem um aumento de denúncias de casos de abuso do poder político e econômico nas eleições municipais, já que o estado de calamidade pública decretado com a pandemia de Covid-19 abre a possibilidade de veiculação, por órgãos públicos municipais, de publicidade institucional relativa ao enfrentamento da doença. Vale ressaltar que nessa questão da publicidade está visível na emenda a finalidade, ao mesmo tempo que segue prevista a apuração de eventual conduta abusiva.



De acordo com o deputado federal Ênio Verri (PT), é evidente que a pandemia afeta as eleições municipais. “Afinal de contas, quem é prefeito aparece mais na imprensa, pois precisa explicar para a população o que está acontecendo, como enfrentar (a pandemia), e os recursos que está recebendo”, destacou. Ele ressaltou que candidatos de oposição estão mais restritos e têm mais a perder. “Não podem fazer reuniões, não podem fazer aglomerações. No máximo usam a rede social e fazem visitas às pessoas de forma individual. Nesse sentido a pandemia cria um problema”, destacou.

Ele apontou que o prefeito que precisa tomar medidas mais rígidas, como chegar a um lockdown, pode criar oposição de um certo setor da sociedade, mas ganhar apoio de outros. “Aliás, eu estou convencido por pesquisa que ele mais ganha do que perde fazendo isso, pois o conjunto da sociedade sabe que isso é muito bom para preservar a vida. É claro que em toda decisão política se ganha ou perde apoio. Nunca se agrada a 100% da população, mas não tenho dúvidas de quem mais aparece em uma pandemia é quem está no governo, mesmo com riscos de perder apoio em certos setores da sociedade.”


RESPONSABILIDADE
Para o deputado federal Rubens Bueno (Cidadania), o primeiro impacto da pandemia foi o adiamento das eleições. “Uma atitude responsável, tomada pelo Congresso, em virtude do risco de impulsionamento da proliferação da Covid-19. É óbvio que teremos um grande impacto, assim como em todas as outras atividades da sociedade. Todos estamos nos acostumando a manter novos paradigmas de convivência”, apontou. Sobre a mudança que isso acarretou para os políticos ele destacou os obstáculos a serem superados. “É difícil? É. Todos os partidos e candidatos tiveram que reprogramar suas estratégias. As redes sociais serão, mais do que nunca, ferramentas fundamentais para o convencimento da conquista de votos. No entanto, essa situação também deixa um flanco aberto para a proliferação da fake news.” Ele ressaltou que isso gera a necessidade de que a cidadania, a Justiça e os outros órgãos de controle estejam atentos. “Vivemos um novo momento, e não digo que passada a pandemia teremos um ‘novo normal’, partiremos para uma ‘nova era’, uma verdadeira revolução social, política e econômica, e promissora, de nossa civilização”, apontou.

CAMPANHA MAIS CARA
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos) avaliou que a adoção de medidas de higiene e sanitárias torna a eleição em si segura. “Mas não há condições de fazer campanha do modo tradicional. Ela será por rádio, TV, redes sociais, por correio, mas sem calor humano. Nesse sentido será uma campanha mais cara e difícil, pois você não vai ter contato direto, mas terá que alugar estúdio para gravar programas, contratar uma equipe para conduzir essa campanha”, destacou. Ele ressaltou que aquele que tiver mais domínio das ferramentas digitais leva mais vantagem. “Será basicamente a que vai existir”, apontou, pois haverá um número tão grande de candidatos que cada um deles só poderá falar o nome e sobrenome no rádio e TV. “Os partidos pequenos serão extremamente prejudicados”, destacou. Como o tempo de campanha é curto, ele apontou que grandes partidos, que possuem mais estrutura e recursos, levam mais vantagem, por exemplo, no combate às notícias falsas. 

Seu colega de partido, o senador Álvaro Dias, disse prever que essa eleição será totalmente diferente. “Será misteriosa e de resultados imprevisíveis. A tradicional campanha está totalmente comprometida. Há uma modernização do processo eleitoral, da campanha. Basicamente é uma eleição de comunicação, pois passam a prevalecer os veículos de comunicação e isso pode interferir no resultado”, destacou Dias.



Ele expôs que pode haver uma maior disseminação de notícias falsas. “Claro que vai existir, mas é preciso alertar que a legislação está mais rigorosa e facilita o direito de resposta nas redes sociais. A consequência é a ação judicial e responsabilização criminal. Imagino que tem que haver mais rigor e acho que haverá. A Justiça Eleitoral terá mais cuidado”, analisou.

FONTE - FOLHA DE LONDRINA

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