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Fiocruz alerta que 3ª onda pode trazer crise sanitária ‘ainda mais grave’


 Em boletim do Observatório Covid-19, pesquisadores destacam que Brasil tem ‘ligeira redução’ nas taxas de mortalidade e na ocupação de leitos de UTI para a doença em alguns estados, mas casos continuam elevados.

— O número de casos continua estável e o índice de positividade dos testes muito alto: isso significa que tem muita gente se infectando e isso pode produzir casos graves. Esses são os indicadores mais precoces, que mostram que o vírus continua circulando com muita intensidade, e esse pode permanecer como um novo platô — explica o sanitarista Christovam Barcellos, membro do Observatório Covid-19 Fiocruz.

Apesar da ligeira redução nos indicadores de criticidade da pandemia, a manutenção de um alto patamar exige que sejam mantidos os cuidados de prevenção contra o coronavírus, afirmam os pesquisadores da Fiocruz. “Uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave”, alertam os autores do boletim.

A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) até outubro de 2019, explica que o avanço da Covid-19 ocorre em ciclos, e que, segundo estatísticas nacionais recentes, parece ter chegado no pico e está diminuindo, mas em ritmo lento.

Ela também alerta para o risco de uma terceira onda se a vacinação não avançar e “as pessoas continuarem não respeitando o distanciamento social”:

— Por enquanto, ainda não vemos na população geral o impacto da vacinação, só nos idosos. Vamos entrar no inverno e temos que lembrar que os picos na Europa e nos EUA começaram nessa estação. Podemos ter uma terceira onda, e se a gente não conseguir acelerar a vacinação, vamos ter uma situação mais grave, porque ainda estamos em um nível muito elevado — afirma.

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Ela avalia que o Brasil deveria ter, no mínimo, todos os idosos e pessoas com comorbidade imunizados quando começasse o inverno. E faz uma comparação com a primeira onda da doença no país:

— Tivemos uma desaceleração mas nunca chegou lá embaixo, no meio da curva voltou a subir. E possivelmente vamos ter a mesma tendência agora. Chegamos no pico mais alto ainda, vai descer, mas não chegar na ponta da curva, o que pode fazer ter um (próximo) pico mais alto ainda — explica a epidemiologista.

Ocupação de leitos de UTI
Segundo a Fiocruz, entre os dias 3 e 10 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) apresentaram quedas “relevantes” na região Norte, com o Acre e o Amazonas deixando a zona de alerta.

No Sudeste, Minas Gerais e Espírito Santo também saíram da zona de alerta crítico. O Rio de Janeiro, que entrou na zona crítica um pouco mais tarde do que os outros estados da região nessa fase recente da pandemia, agora é o único que permanece nela.

FÁBIO CAMPANA

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