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Operação prende mais de 200 homens por violência contra a mulher

A Operação Respeito, da Polícia Civil, deflagrada nesta sexta-feira (8), é a prova de que há muito o que evoluir para que o Dia Internacional da Mulher seja comemorado no Brasil. Em todo o Paraná, mais de 250 agentes cumpriram 41 mandados de prisão por denúncias de violência doméstica - em Londrina, foram três casos. A corporação registrou, de sábado (2) até o início da operação, a prisão de 282 homens. A grande maioria por causa de ameaças e agressões. Ainda houve três casos de feminicídio - em Curitiba, Foz do Iguaçu e Toledo - e duas tentativas, em Cascavel e Francisco Beltrão. A operação ocorreu até as 18h e os números oficiais dos trabalhos serão divulgados na segunda-feira (11). "Essa é uma situação de rotina, mas chamo atenção para o trabalho exaustivo das 20 delegacias da mulher que atuam no Estado. Fazem um excelente trabalho, em parceria com a Polícia Militar e as Guardas Municipais", afirmou o delegado-chefe da Divisão de Polícia Especializada, Alexandre Macorin, na 15ª SDP (Subdivisão Policial) de Cascavel.

O objetivo da ação é conscientizar a população sobre a violência contra a mulher e alertar as vítimas a denunciarem as agressões. Entre as ordens judiciais que foram cumpridas, a Polícia Civil buscou agilizar todos os pedidos de medidas cautelares referente aos casos de violência contra as mulheres durante o Carnaval no intuito de que fossem solucionados durante a operação. "A violência contra a mulher não é um problema exclusivamente da segurança pública. Ela requer um enfrentamento protetivo. Só vai desaguar na segurança pública quando as mulheres não conseguirem romper esse ciclo de violência", afirmou a delegada Mariana Vieira, chefe da 15ª SDP.

Os trabalhos dos policiais ocorreram sem nenhuma tentativa de resistência e não foi necessário o disparo de um único tiro. Entre as prisões em flagrante, as unidades com maior número de registros no período foram a Divisão Policial Metropolitana, que prendeu 33 suspeitos, seguidos pela Delegacia da Mulher da Capital (19), a Delegacia da Mulher de Ponta Grossa (19) e a Delegacia da Mulher de Maringá (18). Já os mandados de prisão foram cumpridos nas Delegacias da Mulher de Jacarezinho (8), Toledo (7), Maringá (6), Capital (5), Pato Branco (3), Foz do Iguaçu (2), São José dos Pinhais (2), Umuarama (2), Telêmaco Borba (2) e Francisco Beltrão (1). Segundo informações da Polícia Civil, nem todas as vítimas haviam sofrido violência antes e muitos dos autores que cometeram feminicídio não tinham passagem pela polícia.

Diante dos casos de violência contra a mulher, a análise apontou que há um padrão de comportamento entre os agressores: o ciúme. Outro fator importante que ganhou a atenção dos policiais foi que a maioria dos casos foi praticada na residência da vítima ou em locais que ela costuma frequentar. Em relação à motivação, foi constatado que a mulher tinha revelado o desejo de separação, que não era de acordo do companheiro. "Era comum a reiteração da violência. No momento é verificada outra característica. Começamos a perceber a possessividade, o homem tratando a mulher como propriedade. É um fator comportamental importante para identificar nos relacionamentos. Como se desenvolve entre quatro paredes, alertamos a sociedade a identificar uma situação que pode evoluir de algo normal para algo letal", afirmou Vieira.

O Paraná é um dos Estados com maior número de feminicídios, de acordo com levantamento do CNJ (Conselho Nacional de Justiça): foram 743 casos registrados no judiciário estadual em 2017. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados no mês passado, apontam que em 2018 76% das agressões são cometidas por conhecidos - namorado, marido, companheiro, vizinho ou ex. E o mais grave, foram registrados em todo o País 4,7 milhões de mulheres que foram alvo de violência, o que significa que aconteceram 536 casos por hora. "Não deixem de procurar a delegacia diante de uma mulher agredida. Não só as vítimas, mas os vizinhos, os parentes ao observar uma mulher ser agredida devem evitar um mal através da denúncia", concluiu Macorin.(Com Folhapress).
 

Pedro Moraes
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA


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