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Ernesto Araújo comunica demissão aos subordinados no Itamaraty


 O diplomata encabeça a área mais ideológica do Executivo de Jair Bolsonaro, e sua saída do Governo ainda não foi confirmada oficialmente

O diplomata Ernesto Araújo decidiu renunciar ao cargo de chanceler nesta segunda-feira, enquanto o Brasil se torna o epicentro mundial da pandemia, com uma média que ultrapassa 2.500 mortes diárias. A informação passou a circular após Araújo comunicar, por meio de seu chefe de gabinete, o diplomata Pedro Wolny, aos secretários e outros subordinados do Itamaraty que pediria demissão.

Conforme fontes do Palácio do Planalto, Bolsonaro avalia três nomes para substituir Araújo. São dois diplomatas ―Luis Fernando Serra, embaixador na França, e Nestor Forster, embaixador nos Estados Unidos― e um militar, o almirante Flávio Rocha, que acumula as funções de secretário de Assuntos Estratégicos e de Comunicação do Planalto.

As intensas pressões dos últimos dias do Congresso Nacional e de representantes do poder econômico pressionam o presidente Jair Bolsonaro a mudar a chefia do Ministério das Relações Exteriores, liderado até agora pela ala mais ideológica de seu Governo. Araújo, fervoroso anticomunista e trumpista, é considerado o maior responsável pelo fato de o país não ter conseguido comprar na China e em outros mercados doses suficientes para fazer uma vacinação em massa que permita vislumbrar no horizonte alguma recuperação econômica.

A gestão da pandemia começa a afetar de forma determinante a política de Bolsonaro mais de um ano após os primeiros casos. Embora mantenha o firme apoio de um terço do eleitorado brasileiro, setores mais pragmáticos que o apoiaram em 2018 para evitar que o PT voltasse ao poder estão se afastando do presidente à medida que o Brasil vai somando mortes por coronavírus. As filas para conseguir vaga na UTI e a lentidão com que a vacinação avança ―porque o Brasil começou a negociar tarde e rejeitou várias ofertas de laboratórios― influenciaram nas críticas e na exigência de que Bolsonaro afastasse Araújo.

Na semana passada, mais de dez senadores pediram sua demissão numa audiência no Legislativo. No fim de semana, circulou uma carta com o apoio de 300 diplomatas que também pediam a sua saída da função. Araújo é o segundo ministro de Bolsonaro que cai neste ano por causa da pandemia. O primeiro foi o general Eduardo Pazuello, foi substituído na semana passada pelo médico Marcelo Queiroga.

Líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN) disse que Araújo era um bode na sala e que a sua saída é uma tentativa de retirar a responsabilidade de Bolsonaro na má condução da crise sanitária do país. “Que Araújo é uma catástrofe diplomática, ninguém nega. Mas ele é o bode que colocaram na sala para que outros não paguem o pecado a ser expiado. Se o Brasil não tem vacinas, o responsável é Bolsonaro”, afirmou em nota. “As relações exteriores devem ser pautadas pelo equilíbrio e pela moderação. Ele foi o exemplo de tudo o que não deve ser feito. Atacou nações, culturas, atacou a verdade e por fim agrediu o senado federal”, criticou o deputado o vice-líder do Cidadania na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE), também em nota.

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