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Cachorros salvam família de inundação

Na lanchonete do clube tudo estava perdido: as bebidas, os freezers, os salgadinhos industrializados e as carnes congeladas


O quintal espaçoso onde Pereira Neto cria galinhas se transformou num grande lago


Os cachorros ''Preto'' e ''Amarelo'' acordaram com latidos incessantes o casal Pereira Neto e Maria do Carmo


O temporal que atingiu várias regiões do Paraná na semana passada poderia ter causado a morte de três pessoas na zona rural em Bandeirantes se não fosse o alerta feito por dois cachorros da família. Na noite de quarta-feira, o Rio das Cinzas começou a transbordar, mas ninguém imaginava que a água iria subir tanto. Havia chovido intensamente no começo da semana, mas só naquele dia foram 270 milímetros de precipitação, de acordo com levantamentos da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). O caseiro Thomaz de Aquino Pereira Neto é o responsável pelo Cinza Clube de Campo, a sede campestre da Associação dos Funcionários da Usina Bandeirantes. A casa dele fica a cerca de 400 metros do rio, depois do barracão, das piscinas e de um campo de futebol. Pereira Neto e a família estavam dormindo quando os cachorros começaram a latir de forma incessante. A filha do casal acordou às três da manhã e viu que parte do piso estava molhada, mas não havia goteiras. Pereira se levantou e foi ver o que estava acontecendo ''porque os cachorros latiam desesperadamente''. Ao abrir a porta, uma grande quantidade de água adentrou a residência, que ficou toda alagada. Imediatamente, ele chamou alguns vizinhos e retirou o que foi possível de dentro de casa e levou a esposa, Maria do Carmo, a filha Thais, de 16 anos, e os dois cachorros para a casa do pai dele, que mora em uma chácara na periferia de Bandeirantes. Com a família em lugar seguro, Pereira Neto foi chamado para ajudar na reorganização do clube, mesmo estando em férias. Na sexta-feira à tarde, um grupo de homens fazia a limpeza do barracão onde funciona a lanchonete do clube. Tudo estava perdido: as bebidas, os freezers, os salgadinhos industrializados e as carnes congeladas. A água barrenta encobriu as piscinas que ficam na parte mais alta da sede e até os vasos sanitários dos banheiros. O caseiro já havia presenciado outras cheias no Rio das Cinzas, mas nenhuma que tenha causado tantos danos ao clube. A estimativa é que a limpeza iria demorar alguns dias. Ao rever a casa onde mora, Pereira mostra que o nível da água chegou quase ao teto. Ele aproveitava o quintal espaçoso para criar algumas galinhas caipiras, mas a inundação matou dezenas de aves que criava naquele espaço. No Haras 3M, que fica ao lado do clube, morreram dois cabritos e dois carneiros. Também na sexta-feira, alguns caminhões com milhares de litros de água foram usados para fazer a limpeza nos barracões. Ao lado do haras, havia também uma represa para criação de peixes que acabaram sendo levados pela correnteza. Em meio a tanto trabalho para reorganizar a associação e sem reclamar das férias interrompidas, o caseiro se considera feliz por ele e a família estarem vivos. ''Eu tenho que agradecer a Deus, em primeiro lugar, e também aos cachorros, porque se não fosse eles, a água iria matar a gente dormindo'', afirma. Os cachorros que alertaram a família são um fila e um labrador, que ficam soltos durante a noite. Eles permanecem na chácara dos pais do caseiro. O cão amarelo é o fila, e tem o nome de ''amarelo'', e o preto é o labrador, que tem o nome de ''preto''. Ambos tem 10 meses. Outra casa que fica junto ao haras, às margens do rio, foi abandonada pelos moradores, que conseguiram salvar os móveis. A casa permanecia aberta na sexta-feira à tarde e com algumas roupas ainda no varal. As pessoas que trabalham perto informaram que os moradores estavam para retornar ao imóvel.
Eli Araujo -folha web

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