Pastor do ES investigado por fraude na Igreja Maranata morre no PR
Religioso morreu em acidente em rodovia estadual do Paraná.
Ministério Público Federal investiga a denúncia desde fevereiro deste ano.

O advogado de defesa do pastor Júlio informou ao G1 que o corpo foi velado e enterrado na última segunda-feira (29) no Sul do país. Ele ainda disse que não tem informações sobre o andamento do processo que investiga a sua participação no esquema da Maranata.
Sobre o acidente, a Igreja Maranata informou que o carro dirigido pelo pastor seguia da cidade de Marechal Cândido Rondon para Curvado, também no Paraná. Júlio César perdeu o controle em uma curva, saiu da pista, capotou e caiu num barranco às margens da rodovia PR- 467.
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), a queda foi de aproximadamente dois metros. O pastor ficou preso nas ferragens e morreu no local. Outras três pessoas que estavam no carro tiveram ferimentos leves e foram encaminhadas para um hospital de Marechal Cândido Rondon. A polícia não soube afirmar o que fez o pastor perder o controle da direção. Não chovia no momento do acidente.
Entenda o caso
A suspeita de desvio de mais de R$ 2 milhões arrecadados do dízimo pago por fiéis, além de compras superfaturadas e caixa dois, fez ex-membros da Igreja Maranata, no Espírito Santo, processarem três pastores e um contador. Entre eles, está um ex-vice-presidente da instituição, criada há 43 anos no estado e que já possui 5,5 mil templos no Brasil e em outros países. A ação corre na 8ª Vara Cível de Vitória e o G1 teve acesso ao documento que apontava fraudes. O Ministério Público Estadual (MP-ES) informou que as denúncias direcionam para diversas irregularidades.
Um serviço que custaria, por exemplo, R$ 5 mil, era registrado como se valesse R$ 8 mil. Segundo a denúncia, a igreja pedia nota fiscal com valor superfaturado e no acerto de contas as empresas ficaram com o valor real do serviço. Os demais R$ 3 mil, nesse exemplo, eram desviados para o ex-vice presidente da igreja ou por pessoas indicadas por ele. "Vi documentos que comprovam que o patrimônio de um dos denunciados é assustador, incompatível com o que ele ganhava”, exemplificou o ex-pastor, que preferiu não se identificar. Ele ainda disse que há evidências de que a fraude acontecia desde 2006.
Investigação interna
Diante dos acontecimentos, a própria igreja maranata resolveu investigar, um procedimento administrativo foi aberto e uma comissão interna ouviu depoimentos, analisou o que aconteceu no escritório de contabilidade da igreja nos últimos 5 anos.
De acordo com o procedimento administrativo, somas que chegam a mais de R$ 20 milhões foram movimentadas nos últimos anos por meio de notas fiscais suspeitas. O dinheiro que teria sido usado, inclusive, para pagamento de prestação de imóveis, carros e compra de dólares enviados para o exterior pelo ex-vice-presidente.
Um grupo formado por ex-membros da Maranata investigou e montou um relatório sobre a atividade irregular na igreja. De acordo com o advogado que representa o grupo, os fornecedores, a pedido de um funcionário da igreja, emitiam notas fiscais superfaturadas como se os serviços houvessem sido realizadas, quando, na verdade, não eram.