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AGRONEGÓCIO - A preço de diamante

Nos últimos 13 anos, o valor da terra em algumas regiões do Paraná subiu quase cinco vezes; bom momento das commodities movimenta o mercado

Fotos: Sérgio Ranalli
A fronteira agrícola no Paraná está no limite, segundo Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Deral
Acompanhada pela elevação dos preços das commodities agrícolas, o valor da terra voltada para a produção de alimentos no Paraná tem assustado aqueles que querem expandir ou mesmo adquirir uma propriedade. Só na região de Londrina (Norte), de 2000 a 2013 o valor do hectare (ha) de uma terra roxa mecanizável subiu mais de 367%. No ano passado, o preço do hectare chegou a ser comercializado na região a R$ 15,2 mil, contra R$ 14,3 mil/ha negociado em 2012, segundo informações do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Mas não é só em Londrina que o valor da terra tem registrado sucessivas altas. Nesse período de 13 anos, praticamente todos os municípios paranaenses tiveram reajustes no preço da propriedade. Um dos hectares de terra roxa mecanizável mais caros do Estado está localizado na região de Maringá (Norte), cotado, em 2013, a R$ 36,5 mil. Há 13 anos, o valor dessa mesma dimensão de área não passava de R$ 4,4 mil/ha. Em 2012, um interessado em terras maringaenses tinha que desembolsar R$ 33 mil/ha por uma área de terra roxa.

O preço da terra tem sido influenciado diretamente pela elevação nos preços das commodities agrícolas, principalmente a soja, avalia Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Deral. "Em algumas regiões, a exemplo do Noroeste do Estado, a cana-de-açúcar é quem tem ajudado a elevar o valor da terra", destaca o especialista. Em Paranavaí (Noroeste), o valor de um hectare de terra arenosa mecanizada chegou a R$ 10,7 mil em 2013, contra R$ 8,25 mil/ha registrado no ano anterior e R$ 1,74 mil/ha há 13 anos.

Contudo, Godinho explica que áreas adaptáveis à cultura da soja são as que mais valorizaram no Paraná. Na opinião do especialista, outros fatores que explicam os preços elevados das terras paranaenses são as estradas com bom fluxo de escoamento e também a proximidade com o porto de Paranaguá, infraestrutura que agrega valor ao Estado. Além disso, o agrônomo observa que devido à oferta cada vez mais apertada por terras, áreas que antes eram utilizadas para pastoreio estão ganhando valor de mercado devido à expansão da cultura da soja.

"A fronteira agrícola no Paraná está no limite", destaca o especialista do Deral. Godinho completa que a tendência é de que os preços da terra no Estado se elevem ainda mais caso a procura por essas áreas cresça nos próximos anos. Questionado sobre a possibilidade de existir uma bolha neste mercado, ocasionada por uma redução drástica na procura de imóveis e também na possibilidade de aumento do endividamento devido à facilitação de crédito, o engenheiro agrônomo destaca que há anos tem ouvido falar nessa crise imobiliária, mas nunca aconteceu.

Godinho analisa que uma possível redução no valor da terra aconteceria somente se a China reduzisse drasticamente a importação da soja brasileira, mas salienta que isso é pouco provável de acontecer. Para se ter uma ideia da representatividade não só da oleaginosa, mas de todo o complexo grãos do Estado, de 19,9 milhões de hectares – área total do Paraná – 5,8 milhões de hectares são destinados à produção de grãos.


Ricardo Maia
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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