[Fechar]

Últimas notícias

Captura de animais silvestres na zona urbana cresce no PR

Polícia Ambiental faz pelo menos cinco recolhimentos por dia no Estado

Divulgação/Polícia Ambiental
Tamanduá está entre os bichos recolhidos na região nos últimos meses
Ricardo Chicarelli/27-11-2014
Em março, um filhote de jacaré foi capturado na Estrada do Limoeiro, na zona leste de Londrina
Edson Denobi/Prefeitura de Apucarana
Há uma semana, uma onça-parda foi encontrada dentro do quintal de uma casa em Apucarana
Já pensou se deparar com uma onça-parda, uma cobra ou mesmo um jacaré no quintal de casa? Sustos à parte, situações deste tipo estão cada vez mais comuns no Paraná. Segundo levantamento da Polícia Ambiental feito a pedido da FOLHA, pelo menos cinco capturas de animais silvestres são feitas por dia na área urbana de municípios paranaenses. No ano passado, foram 1.910 recolhimentos, quantidade 8% maior que a registrada em 2013, quando chegaram às companhias da Força Verde 1.755 denúncias. Neste ano, já foram registrados 913 caos em todo o Estado. A expectativa, se esse ritmo continuar, é que o balanço de 2015 feche com cerca de 2 mil ocorrências.

O caso mais recente de captura foi em Apucarana (Centro-Norte). Uma onça-parda foi encontrada dentro do quintal de uma casa, na zona sul da cidade, há uma semana. Em Londrina, em março, um filhote de jacaré foi capturado na Estrada do Limoeiro (zona leste), próximo à estação de captação de água do Rio Tibagi. O animal tinha cerca de 30 cm de comprimento.

A Polícia Ambiental tentou localizar a fêmea que deu cria ao filhote, mas não a encontrou. Uma grande quantidade de restos de alimentos foi verificada na propriedade em que houve a ocorrência.

Em novembro, a Polícia Ambiental capturou um jacaré-de-papo-amarelo de aproximadamente 1,5 metro em um chácara na Estrada Três Figueiras, na zona norte. O réptil foi avistado por moradores do entorno, que acionaram os policiais.

Somente em junho deste ano, 103 animais foram recolhidos pela Força Verde na área da 2ª Companhia da Polícia Ambiental. Além de 86 aves nativas e exóticas, estão na lista três cobras, nove gambás, três ratões do banhado, um cachorro-do-mato e uma onça-parda.

"É um sinalizador ruim, porque mostra que estamos invadindo a área destes animais", observa o auxiliar de Comunicação Social do Batalhão da Polícia Ambiental, soldado Ernando Damasceno, ao comentar que as espécies recolhidas variam muito de acordo com região e estação do ano. "Em Londrina, Guarapuava e Maringá temos mais casos de cachorros-do-mato, enquanto na capital e região metropolitana, são capivaras, gambás, jararacas", pontua. Outros bichos, como tamanduás, já foram recolhidos na região de Londrina.

Pesquisador de migrações envolvendo animais silvestres, o veterinário Rogério Lange, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), analisa que a presença de animais silvestres nas cidades está relacionada com a maneira como a população lida com os bichos. Diferentemente de gerações antigas, hoje se deixa alimentos em ninhos e se oferece formas de abrigo que, de alguma maneira, atraem alguns bichos. "Ao mesmo tempo, o uso de agrotóxicos, a supressão de florestas e a eliminação de ambientes naturais destes animais os enxotam da área rural", completa.

Há ainda, acrescenta ele, situações em que os animais são pressionados pelo próprio grupo a sair do habitat. Para o especialista, uma das formas de tentar reverter este cenário é investir em unidades de conservação animal. Também deve haver controle no uso de defensivos agrícolas para evitar as migrações.

SERVIÇO
Em caso de aparecimento de animais silvestres em perímetros urbanos, o procedimento ideal é acionar o órgão competente para fazer o recolhimento. Em Londrina, o telefone da Força Verde é (43) 3341-7733.
Antoniele Luciano
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2