[Fechar]

Últimas notícias

Tratamento do lúpus em debate

Dores nas articulações, cansaço e manchas pelo corpo estão entre os primeiros sintomas da doença

Marcos Zanutto
A dona de casa Selma Ramos Dias da Silva só descobriu a doença após perder o emprego por conta do excesso de consultas médicas
Desmistificar o lúpus. Este é um dos objetivos do encontro regional sobre a doença que será promovido amanhã em Londrina. Profissionais da saúde, pacientes em tratamento e a comunidade em geral participam do debate para disseminar as informações relacionadas ao lúpus, agilizar o diagnóstico na rede de saúde e, principalmente, combater o preconceito.

A doença rara, mas não contagiosa, é desencadeada por um desequilíbrio no sistema imunológico. O próprio organismo desconhece e ataca os órgãos internos do paciente, formando anticorpos para combatê-los. O lúpus não tem cura e a doença pode levar à morte caso não seja identificada e tratada a tempo.

A dona de casa Selma Ramos Dias da Silva, de 40 anos, de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), só descobriu a doença após perder o emprego. O excesso de consultas médicas por causa das constantes dores nas articulações fez com que a empresa optasse por dispensar a funcionária. Na época, ela trabalhava como auxiliar de limpeza em Londrina. "Sentia muitas dores nos joelhos, nos pulsos, nas mãos, até que um dia não consegui mais andar. Fui ao posto de saúde, consultei com médico particular... Ninguém conseguiu descobrir o que eu tinha. Eles estavam tão perdidos que nenhum médico fez encaminhamento", contou.

Após 15 dias e com dores mais amenas, Selma conquistou outra vaga de emprego em Londrina. Sem saber o diagnóstico de lúpus e com o sistema imunológico comprometido, a auxiliar de limpeza passou a trabalhar dentro de um hospital. "Aí agravou bastante. Fiquei de cama duas semanas", lembrou. Sem respostas, resolveu procurar o Hospital Universitário de Londrina. "Os alunos olharam meus exames e perguntaram tudo o que tinha acontecido. O professor acompanhou o tempo todo. Depois de passar todos os detalhes, o professor perguntou aos alunos o que eles achavam que eu tinha. Na hora, pediram mais tempo para estudar o caso, mas, de cara, o professor rebateu: ‘Ela tem lúpus’", destacou. Após sete meses desde o início dos sintomas, a dona de casa passou por uma bateria de exames e deu início ao tratamento.

Já com os rins e o pulmão comprometidos, ela permaneceu internada por 30 dias, se alimentou por meio de sonda e recebeu corticoides. "Tive queda de cabelo e engordei 25 quilos em 15 dias. Fiz acompanhamento com uma psicóloga do HU. Isso me ajudou muito. Hoje tenho sequelas nos ombros e nos joelhos, manchas pelo corpo que aparecem e somem e volto de seis em seis meses ao Hospital das Clínicas em Londrina. Depois de três anos, ainda não consegui arranjar outro emprego. Fico dividida: se eu mentir na entrevista e disser que não tenho nada posso ser mandada embora, mas se eu disser que tenho a doença, eles não me contratam", desabafou Selma.

A dona de casa de Ibiporã não está só. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, aproximadamente, 65 mil brasileiros têm a doença. Sintomas como manchas avermelhadas na pele, febre baixa, dores nas articulações e complicações no funcionamento dos rins, além de cansaço e desânimo, podem surgir de forma gradativa e isolada ou rapidamente.

O 1º Encontro Regional para a Conscientização sobre o Lúpus será realizado neste sábado, das 8h às 12h, na Câmara de Vereadores de Londrina. Palestras com médicos e especialistas vão esclarecer dúvidas sobre o diagnóstico e o tratamento. O evento é organizado por meio de uma parceria entre o Conselho Regional de Farmácia do Paraná, Sociedade Paranaense de Reumatologia, Associação "É Hora de Viver", Prefeitura e Câmara de Londrina.
Viviani Costa
Reportagem Loca-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2