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Londrinenses debutam no Brasileiro de Paracanoagem

Três atletas do Iate Clube iniciam hoje participação na competição que está sendo realizada em Curitiba

Anderson Coelho
Anderson (à dir.), Giovane e Ademir: trio terá teste de fogo em Curitiba
Três para-atletas de Londrina disputam a partir de hoje o Campeonato Brasileiro de Canoagem de Velocidade e Paracanoagem. A competição, que começou ontem e prossegue até domingo, está sendo realizada no Parque Náutico do Iguaçu, em Curitiba, e reúne 370 desportistas.

Ademir Rocha, de 32 anos, Anderson Benatti, de 29, e Giovane de Paula, de 17, treinam no Iate Clube e disputam a sua primeira competição oficial em nível nacional. "Será uma participação mais de aprendizado, já que eles começaram há pouco tempo na canoagem. Vamos poder conhecer o nível dos adversários e, quem sabe, buscar algum resultado", ressaltou o técnico da equipe, Gelson Moreira Souza.

Ademir iniciou na paranatação e na paracanoagem há seis meses e garante que a qualidade de vida e a autoestima melhoraram muito após adotar a prática esportiva. "Dentro do caiaque todo mundo é igual. A sensação de liberdade e de poder competir não tem preço", revelou o para-atleta, que, aos quatro anos, em virtude de uma trombose, precisou amputar a perna direita abaixo do joelho.

Ademir recentemente ficou com a medalha de prata em uma maratona de três quilômetros realizada em Londrina. "Vou em busca dos primeiros lugares e meu objetivo é chegar a um centro de treinamento em busca da excelência".

Um acidente de moto há quatro anos, que resultou em fraturas nas vértebras L1 e L2 da coluna, tirou os movimentos dos pernas de Anderson Benatti. Após oito cirurgias, dezenas de internamentos, dores insuportáveis e quadro depressivo, o jovem encontrou na canoagem uma motivação para seguir em frente. "Sempre tive vontade de fazer e quando entrei pela primeira vez em um caiaque me apaixonei", contou.

Anderson conta que a atividade física melhorou 100% das suas dores, além de aliviar a depressão. Agora, ele quer mais e está confiante em participar do Brasileiro, depois de terminar em terceiro na Maratona. "Não vai ser fácil, mas confio e vou brigar para estar no pódio. A minha meta agora é me dedicar integralmente ao esporte".

Mais jovem da equipe, Giovane teve a perna esquerda amputada após cair de um trem em Apucarana há cinco anos. Filho de pai alcoólatra e mãe com problemas psiquiátricos, o adolescente morou durante cinco anos em uma Casa Lar, para onde foi levado junto com os irmãos.

Campeão brasileiro de paranatação em 2014, Giovane, há três meses, conheceu a canoagem e tem sonhos ambiciosos. "Quero ser campeão mundial". Giovane hoje mora com a família do professor Wladimir Longuine e assim pode se dedicar diariamente aos treinos.

"Ele tem muito potencial e sempre ganhou em todas as modalidades que participou. Tiramos ele da Casa Lar já que eles não queriam deixar ele vir todos os dias para Londrina. Ele não podia perder uma chance dessas", relatou Longuine. "Sei que ainda falta muito e o Brasileiro vai ser para pegar experiência", frisou o garoto.

Os três vão disputar as provas de 200 e 500 metros e vão passar por uma classificação funcional para determinar em quais das três categorias eles vão competir: KL1, KL2 e KL3. Em 2016, pela primeira vez, a paracanoagem fará parte do programa dos Jogos Paralímpicos. Os vencedores de cada categoria no Brasileiro garantem vaga no Rio de Janeiro.
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local-folha de londrina
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