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Chuva histórica deixou rastro de destruição

Em Londrina, moradores da zona sul e dos distritos rurais foram os mais afetados

Sergio Ranalli
Na PR-444, em Arapongas, a grande cratera formada na pista se destaca na paisagem

Depois de quatro dias de chuvas intensas, o sol voltou a brilhar na última quarta-feira. Era a trégua que milhares de atingidos pelas chuvas suplicavam para recolocar a vida em ordem. Na quinta, a equipe de reportagem da FOLHA sobrevoou a região e constatou a magnitude dos estragos. A fúria da natureza invadiu casas, derrubou pontes, devastou lavouras e, nas margens dos rios, arrastou tudo o que encontrou pelo caminho.
Se no chão a desolação era turva no olhar dos desabrigados, do alto ela brilhava forte nas grandes áreas que permaneciam alagadas. Muita água continuava acumulada em regiões de fundo de vale. Em Londrina, as chuvas provocaram enchentes em praticamente toda a bacia hidrográfica, com cheias nos ribeirões Jacutinga, Lindoia, Cambé, Limoeiro e com maior intensidade nos ribeirões Taquara, Cafezal e Três Bocas. Com o Rio Tibagi seis metros acima do nível normal, todos os afluentes foram impactados.
A zona sul e os distritos, com exceção da Warta, foram as áreas mais afetadas. O helicóptero do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) teve trabalho para resgatar moradores que ficaram ilhados. Foram cinco pessoas em Guaravera, duas em Guairacá e Paiquerê e uma em São Luiz. A região dos condomínios também sofreu avarias. De acordo com o prefeito Alexandre Kireeff, até sexta-feira, já eram 32 pontes destruídas no município: 19 com danos estruturais e 13 com comprometimento de cabeceiras.

Em Rolândia, o rastro de destruição é visível em bairros como os conjuntos Tomie Nagatani e Água Verde e no Jardim Roland. Nove mil casas foram danificadas e 50, totalmente destruídas. Grandes manchas de terra vermelha rasgam a vegetação em direção a várias casas dos bairros da zona sul. Segundo a Defesa Civil, mil pessoas ficaram desalojadas e 36 desabrigadas, com um total de 36 mil afetadas. O prejuízo foi estimado em R$ 33 milhões.
Em Jataizinho, a reportagem encontrou a pior situação. Visto de cima, o verde das regiões mais próximas à margem do Tibagi foi tomado pelo marrom da lama deixada pela maior enchente em 20 anos. Áreas de mata nativa foram tomadas pelo barro e ganharam aspecto de mangue.
As rodovias e estradas rurais também foram castigadas. Na PR-444, em Arapongas, a grande cratera formada na pista se destaca na paisagem. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mais de 30 pontos foram afetados em todo o Estado, a maioria no Norte Pioneiro. Segundo o boletim da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, ontem, sete rodovias estaduais estavam interditadas e cinco com interdição parcial. O governador Beto Richa também sobrevoou a região na quinta-feira. Ele prometeu ajuda, mas adiantou que vai priorizar as questões emergenciais pois, segundo ele, "não há dinheiro para resolver tudo em pouco espaço de tempo".

FOLHA DE LONDRINA
Celso Felizardo
Reportagem Local
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