Parque Daisaku Ikeda foi engolido pelo Ribeirão Três Bocas

Chuva destruiu grande parte do parque; mirante resistiu à força da água

A dupla de guardas municipais Rafael dos Santos e Willian Martins de Oliveira foi escalada, na sexta-feira, dia 8, para fazer a vigilância do Parque Ecológico Daisaku Ikeda, a 12 quilômetros do centro de Londrina. Três dias depois, já não havia parque para eles tomarem conta. Boa parte da unidade de conservação foi levada pelo Ribeirão Três Bocas na manhã da última segunda-feira. Diante da força das águas, os dois puderam apenas lamentar a sensação de impotência em proteger o patrimônio municipal.
De acordo com Oliveira, como a estrutura de concreto da antiga usina hidrelétrica resistiu, a água avançou em direção à margem do rio, que desbarrancou, formando uma imensa cratera onde antes havia trilhas, um parque infantil e marcos em homenagem a Daisaku Ikeda, líder budista, filósofo e presidente da ONG Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI). Da antiga margem, próxima ao mirante - que também permaneceu em pé - até o limite atual são 60 metros de "vazio e água", como definiu Santos.
Uma expressão chamou a atenção de Santos. "Fiquei comovido ao ver a tristeza de um senhor japonês que chorou ao ver tudo sendo levado. É uma grande perda para todos nós", lamenta. A diretoria da BSGI demonstrou interesse em auxiliar nos reparos.
A Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) informou que a prioridade no momento é fazer os reparos de estradas e pontes, principalmente onde ainda há pessoas ilhadas. Segundo o secretário José Carlos Bruno de Oliveira, a reconstrução do parque criado em novembro de 1999 e inaugurado em setembro de 2000 vai ficar para um "segundo momento". "Sabemos da importância do Parque do Três Bocas para a cidade, mas primeiro temos que pensar nas pessoas afetadas", argumenta.
O maior entrave para a revitalização do Daisaku Ikeda é a falta de verbas. Apesar do parque ser de responsabilidade do município, a prefeitura espera contar com auxílio do Estado.(C.F.)