Chuvas devastam lavouras na região
Produtores contabilizam prejuízos principalmente na olericultura e avicultura em pequenas propriedades que ficaram ilhadas com o aguaceiro
As chuvas que caíram torrencialmente em Londrina nas últimas 24 horas causaram prejuízos gigantescos para produtores rurais de diversos distritos e cidades da região. Além dos problemas na lavoura – principalmente de olerícolas –, alguns deles ainda relataram à reportagem da FOLHA que perderam estruturas de irrigação e também não conseguiram levar a produção até as Centrais de Abastecimento (Ceasas) e supermercados, permanecendo "ilhados" em áreas rurais. Das 23 horas do dia 11 até o mesmo horário de ontem, as precipitações na cidade atingiram a incrível marca de 275 milímetros (mm). Em apenas 12 dias de janeiro, o volume já é de 422 mm, enquanto a média histórica para todo este mês fica na casa dos 215 milímetros. Os dados são do setor de monitoramento climático do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).
O técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab), Carlos Alberto Salvador, diz que um relatório mais detalhado acerca da situação das olerícolas do Estado sairá no final do mês. Ele explica que como em muitas regiões do Estado as precipitações pluviométricas dobraram no mês de janeiro, isso prejudica demais a situação de diversas lavouras, como tomate, cebola, batata, cenoura, couve-flor e folhagens diversas. "O normal de janeiro seria um verão com luminosidade. As chuvas da maneira que estão dificultam a colheita, diminuem a produtividade e a qualidade dos produtos. Além disso, o produtor precisa aplicar mais insumos para controlar as doenças, o que acaba aumentando os custos de produção".
ESPÍRITO SANTO
O produtor Wagner Artur dos Santos trabalha com verduras diversas numa área de 5 hectares no patrimônio Espírito Santo. Ele salienta que com a chuva das últimas semanas a sua produção já caiu pela metade e itens como brócolis e couve-flor estão em falta. "No caso da alface e do cheiro verde, tenho que colher as unidades bem miúdas para não perder. Além disso, as três pontes que temos para acessar Londrina estão inacessíveis hoje (ontem), sendo a mais próxima aqui de casa a do Ribeirão Cafezal. A PR-445 também estava interditada. Com isso, nem colhi porque não teria como levar os produtos aos supermercados. Todos aqui do patrimônio estão na mesma situação", salienta ele, que já está cobrando mais caro pela produção. "Na semana passada estava vendendo a alface por R$ 1,60 e agora vai subir para R$ 2,20. Outros itens nem sei como está o valor porque nem estou conseguindo produzir", declara.
TRÊS BOCAS
Izenilda de Goes Kasuya trabalha, juntamente com o marido, numa área com cinco mil pés de morango em propriedade na região da Usina Três Bocas. Ela explica que como está na entressafra da cultura, não perdeu produção, mas os problemas da chuva de ontem estão ligados à infraestrutura. "O córrego encheu e arrancou as árvores pela raiz, invadindo a propriedade e acabando com todos canos do nosso sistema de irrigação. Foi como se passasse um furacão. Se perdermos a bomba, o prejuízo vai ser grande". A produtora comenta ainda que as chuvas dos últimos meses acabaram atrapalhando o fechamento da safra, em dezembro. "Estávamos com a expectativa de colher oito a nove mil toneladas, mas no final das contas colhemos seis mil. Se não trabalhássemos com estufa, o prejuízo seria ainda maior. Vamos aguardar como irá fluir a próxima safra, a partir de junho", complementa.
Divulgação
A água barrenta chegou a 1,60m de altura e dominou a propriedade de Eliel Silva no Patrimônio Selva, invadindo armazém que continha em torno de duas toneladas de insumos; o trator ficou submerso: ele prevê um prejuízo de 30 mil reais
Victor Lopes
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA