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Temporal histórico deixa rastro de destruição

Volume de chuva registrado em Londrina de domingo até a manhã de ontem chegou a 340 milímetros; média histórica de janeiro é de 218

Transbordamento da barragem do Lago Igapó provocou estragos na Rua Almeida Garrett
Fotos: Saulo Ohara
A ponte do Ribeirão Cafezal, na PR-445, chegou a ficar submersa

Árvores caídas, postes de energia elétrica no chão, desmoronamento de barrancos, pedaços de asfalto levados pela chuva, pontes danificadas e comunidades inteiras ilhadas. O volume de chuva registrado em Londrina desde o domingo até a manhã de ontem chegou a 340 milímetros, de acordo com o Instituto Tecnológico Simepar. A média histórica do mês de janeiro é de 214 milímetros. O Lago Igapó transbordou e a água que ultrapassou a barragem encobriu a Rua Almeida Garrett durante a madrugada de ontem. O trânsito foi impedido nos dois sentidos da via em razão de uma cratera aberta na lateral da pista em direção à prefeitura.
A força da água seguiu pelo Ribeirão Cambé destruindo os barracos construídos pelos índios caingangues próximo à Avenida Dez de Dezembro. Moradores ajudaram a retirar as crianças do local e ofereceram abrigo à comunidade. "A água vinha com tanta força que arrancou portões de algumas casas, derrubou muros e deixou o pessoal sem nada", contou o motorista José Roberto Fernandes, que ajudou a acolher as famílias. "A gente perdeu tudo. Perdeu roupas, móveis, fogão, tudo o que a gente tinha conseguido de doações. Teve gente que perdeu até os documentos. A gente estava se alimentando quando sentiu a água já nos pés", lamentou o caingangue Marcos Piraí Hiahiao. Segundo ele, aproximadamente 25 famílias vivem no local. O muro dos fundos de uma oficina mecânica cedeu e seis carros ameaçavam cair sobre alguns barracos que não haviam sido atingidos pela água. Entre os veículos estavam carros e caminhonetes antes utilizados pelo poder público.

Durante a manhã, funcionários da Secretaria Municipal de Obras buscaram água do Lago Igapó para lavar ruas encobertas pela lama. Pelo menos dois barrancos desmoronaram causando transtornos aos motoristas. Na Avenida Dez de Dezembro, sentido centro, próximo ao 4º Distrito Policial, quatro tratores removeram a terra durante a manhã. Na PR-445, na saída para Curitiba, o tráfego foi impedido nos dois sentidos. Mais à frente na mesma rodovia, a ponte do Ribeirão Cafezal ficou submersa. "É a primeira vez em 20 anos que eu vejo o rio subir tanto assim", afirmou o morador Domingos José Augusto. "A chácara está toda debaixo d’água. O restaurante, a casa do caseiro, está tudo perdido", lamentou a aposentada Helena Piazentin, ao olhar para a propriedade na margem do rio.
De acordo com o meteorologista do Simepar, Samuel Braun, o volume diário de chuva atingiu a marca de 274 milímetros apenas na segunda-feira. "Foi a maior chuva diária do histórico de Londrina desde o início da medição em junho de 1997", afirmou. Do dia 1º de janeiro até a noite de segunda-feira foram registrados 408 milímetros. A previsão de chuva segue para os próximos dias. No entanto, são esperadas apenas pancadas isoladas durante a tarde. "A possibilidade de temporal agora é menor", frisou Braun.
Viviani Costa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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