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Para evitar mais danos pela chuva, investir em drenagem é prioridade

drenagem é prioridade

Cidades precisam repensar os sistemas de escoamento de água e frear a impermeabilização do solo, alertam especialistas

Saulo Ohara/12-1-2015
Volume de chuva provocou até transbordamento na barragem do Lago Igapó
Anderson Coelho/12-1-2015
Moradores de Jataizinho sofreram com a cheia no início da semana passada; dois dias depois, tentavam se recuperar dos estragos

As chuvas que atingiram o Norte do Paraná na semana passada deixaram um rastro de destruição e prejuízos. Cinquenta e três municípios foram atingidos e, até sexta-feira, 184 pessoas estavam desabrigadas e 1.790 desalojadas. Nove cidades decretaram estado de emergência e Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), uma das mais afetadas, estado de calamidade pública. 
Os prejuízos ainda estão sendo calculados, mas os dados preliminares apontam para mais de R$ 100 milhões. As imagens de cidades submersas e de pontes e estradas levadas pela água mostram que os municípios não estão preparados para enfrentar grandes volumes de chuvas. Em quatro horas choveu em Londrina 274,8 milímetros e o volume acumulado do mês é de 417,4 mm. A média histórica para janeiro é de 218 mm. 

Para especialistas em planejamento urbano, os gestores municipais precisam repensar os sistemas de drenagem das cidades e apertar a fiscalização para evitar a impermeabilização excessiva do solo e as ocupações em áreas riscos, como os fundos de vale. Na avaliação da professora de planejamento urbano da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutora em meio ambiente urbano, Cristina de Araújo Lima, as prefeituras devem duplicar o diâmetro das tubulações das redes de drenagem. "É preciso fazer um levantamento da condição de drenagem, avaliar as galerias e as bocas de lobo. É uma obra prioritária e que a população deveria exigir das prefeituras", opina Cristina. 
Ela sugere a formação de grupos da sociedade civil para, juntos com a administração pública, definir as prioridades, principalmente em municípios em que há mais dificuldades para disponibilização de recursos para este tipo de obra. Cristina afirma que há a necessidade de uma fiscalização mais rígida sobre a ocupação do solo, mas enfatiza que cada um deve fazer a sua parte. "As pessoas acham que estão sendo muito espertas, que não serão fiscalizadas, e impermeabilizam o lote. Elas olham apenas para o seu umbigo e não percebem o mal que estão fazendo", critica. 
Na percepção da especialista, a população também vive em uma "ignorância" em relação ao planejamento urbano das cidades. Segundo ela, no Brasil o planejamento urbano é feito e com muita competência, no entanto, falta gestão na hora de implementá-lo. "Temos uma péssima gestão, seja municipal ou regional, que não não realiza o que é previsto no planejamento urbano. E quando implanta, faz apenas algumas obras que não são suficientes para dar segurança a população." 

MAIS ÁREAS PERMEÁVEIS 
O professor de geografia urbana e econômica do Departamento de Geociência da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Edilson Luís de Oliveira, explica que o fato da Companhia de Terras do Norte do Paraná ter projetado as principais vias de Londrina na parte alta do terreno favorece que a cidade não sofra tanto com alagamentos. No entanto, enfatiza, é essencial preservar os fundo de vales para garantir a circulação da água e infiltração no solo. "É preciso também que os loteamentos cumpram o percentual de área não impermeável previsto em lei para que haja a infiltração no solo", diz. 
Uma das soluções, segundo Oliveira, é a instalação de áreas permeabilizáveis dentro dos condomínios, para evitar que futuramente seja necessário instalar piscinões, além de apostar nas calçadas ecológicas e manter os fundos de vales livres. 

FOLHA DE LONDRINA
Aline Machado Parodi
Reportagem Local

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