Beto diz desconhecer investigação no STJ
Se forem encontrados indícios da participação do governador em irregularidades, eventual denúncia contra ele deverá ser apresentada pela PGR
"Nada tenho a temer e sou o maior interessado na apuração completa e rápida de qualquer denúncia que envolva o meu nome", diz Beto Richa
O governador Beto Richa (PSDB) disse ontem que desconhece a investigação contra ele por suposto envolvimento nos desvios de dinheiro na Receita Estadual, identificados pelo Ministério Público (MP) do Paraná, na Operação Publicano. Conforme a FOLHA noticiou no último sábado, o pedido de inquérito foi apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), para aprofundar a apuração sobre as declarações do delator do esquema, o auditor fiscal Luiz Antonio de Souza, de que parte da propina teria sido canalizada para a campanha eleitoral de 2014.
A PGR não revelou mais detalhes do procedimento, que tramita em sigilo, mas se forem encontrados indícios da participação de Beto nas irregularidades, eventual denúncia contra ele deverá ser apresentada pela procuradoria ao STJ, onde os governadores têm foro para investigações na esfera criminal. A reportagem da FOLHA procurou o STJ na tarde de ontem e foi informada que o órgão ainda não se pronunciará sobre o procedimento.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o tucano disse que soube do inquérito pela imprensa. "Nada tenho a temer e sou o maior interessado na apuração completa e rápida de qualquer denúncia que envolva o meu nome. Não tenho compromisso com o erro de ninguém e nem responsabilidade sobre o comportamento de pessoas que possam ter usado funções públicas para cometer crimes", afirmou Beto.
O nome do governador apareceu na Publicano em depoimentos de Souza, que firmou acordo de delação premiada com o MP, revelando que auditores fiscais teriam arrecadado R$ 4,3 milhões de propina junto a empresários para a campanha de reeleição, há dois anos. A operação Publicano, que já está na quarta fase, resultou em denúncias contra mais de 200 réus, sendo 62 auditores fiscais.
Segundo Beto, "não há qualquer elo entre minha campanha à reeleição e os auditores fiscais denunciados pelo Ministério Público". Na mesma linha da direção do PSDB, ele defendeu a legalidade das doações eleitorais. "Todas as contribuições das minhas campanhas eleitorais têm origem legal e foram declaradas à Justiça Eleitoral, merecendo a sua aprovação. Sempre fui muito criterioso em relação a isso, durante todas as campanhas das quais participei."
Na nota, Beto informa que os seus advogados vão acompanhar o caso no STJ. A reportagem procurou ontem o escritório do advogado René Ariel Dotti, que defende o governador, mas não houve retorno.
ROMBO
Balanço divulgado no mês de dezembro pela Secretaria Estadual de Fazenda (Sefa) revelou que 78 empresas cujos donos são réus nas duas primeiras fases da Operação Publicano foram autuadas em R$ 833.929.722,13, o que perfaz média de mais de R$ 10 milhões para cada estabelecimento. O valor incluiu impostos supostamente sonegados nos últimos cinco anos – que chegam a R$ 310,2 milhões, multas (R$ 453,7 milhões) e juros (R$ 69,9 milhões).
Edson Ferreira
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA