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Temer e Renan definem saída do PMDB do governo Dilma

Peemedebistas vão oficializar desembarque da gestão da petista nesta terça-feira; ministro Henrique Alves (Turismo) pede demissão

José Cruz/Arquivo Agência Brasil
Henrique Alves, Michel Temer e Dilma Rousseff: PMDB decide dar as costas ao governo do PT

Brasília - O PMDB vai oficializar o desembarque do governo Dilma Rousseff nesta terça-feira por aclamação. A decisão é resultado de articulação promovida pelo grupo do vice-presidente da Republica, Michel Temer, que preside o PMDB. A tendência é que o partido aprove ainda o prazo até o dia 12 de abril para que os ministros peemedebistas deixem seus cargos. Ontem, o ministro Henrique Eduardo Alves redigiu carta em que pede demissão do Ministério do Turismo. O peemedebista, próximo ao grupo do vice-presidente Michel Temer, é o primeiro dos sete integrantes do partido a pedir para deixar o primeiro escalão do governo da petista.
O mesmo aviso valerá para outros peemedebistas empregados em cargos de confiança na administração federal. A tomada de posição foi fechada após reunião entre Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado o "último bastião" do governismo no PMDB.
Pelo acordo, Temer não presidirá a reunião que vai selar o desembarque. Os ministros peemedebistas também não irão à reunião.

Apesar dos apelos da presidente Dilma e de seu antecessor, Lula, o Planalto não conseguiu conter a tendência de debandada do PMDB, agravada nos últimos dias com a exposição das posições anti-Dilma dos maiores diretórios estaduais da sigla, como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O formato da convenção de hoje foi fechado em reunião na residência oficial do Senado Federal com a presença de outros senadores peemedebistas. Com o acordo, a tentativa do comando nacional do partido é evitar demonstrar a divisão do partido no encontro do diretório nacional da legenda.

Em estratégia esboçada com a presidente Dilma Rousseff, os sete ministros do partido não devem participar da reunião de terça. A ausência deles é vista, no entanto, com naturalidade pela cúpula nacional, que entende o constrangimento que eles poderiam passar no encontro.

Com a avaliação de que a "batalha desta terça-feira está perdida", o foco do Palácio do Planalto é tentar agora segurar a maior parcela possível do partido no movimento contrário ao impeachment. Nas palavras de um assessor da presidente, "amanhã é uma batalha perdida dentro de uma guerra maior".

RECADO
Michel Temer avisou no domingo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o PMDB aprovaria o desembarque oficial do governo na reunião de seu diretório nacional hoje. Foi a primeira vez que Lula conseguiu se reunir com Temer desde que o partido decidiu pela saída oficial do governo. Na semana passada, o ex-presidente, que tem atuado como articulador informal do governo, tentou se encontrar com o vice-presidente em duas ocasiões, mas Temer não o recebeu.

Na conversa, o peemedebista também avisou a Lula que não havia possibilidade de a reunião ser adiada. Inicialmente, integrantes da legenda ainda aliados do governo tentavam pressionar o peemedebista pelo adiamento para que o processo de impeachment, em tramitação no Congresso, avançasse mais e a sigla não ficasse tanto sob os holofotes. No encontro, Temer reclamou a Lula do isolamento que tem sofrido pelo Palácio do Planalto. Em conversas reservadas, ele tem dito que Dilma não o recebe nos últimos dois meses.

Ele se queixou ainda das intervenções da presidente em decisões do comando nacional do partido, como a nomeação do deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) para a Secretaria de Aviação Civil. Ela ocorreu após decisão do partido para que nenhum filiado aceitasse cargos até a decisão oficial da sigla de desembarque da Esplanada dos Ministérios.
Mariana Haubert, Gustavo Uribe e Daniela Lima
Folhapress
FONTE - FOLHA DE LONDRINA
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