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Assaltos a ônibus seguem sem solução

A tentativa de assalto ao ônibus de sacoleiros ocorrida na madrugada de sábado, na BR-369, em Mamborê (Centro-Oeste), que terminou com um acidente que causou 11 mortes, escancara a fragilidade da segurança nas rodovias do Estado. Ao tentar desviar de disparos dos assaltantes, o motorista do coletivo bateu de frente com uma árvore à margem da rodovia. Assim como o grupo que saiu do interior paulista com destino ao Paraguai, vários compristas que também fazem viagens interestaduais são alvos fáceis para as quadrilhas especializadas.
O crime, que é frequente no Estado, não é computado ou organizado em estatísticas oficiais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), nem pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) ou pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp). De acordo com o porta-voz da PRF no Paraná, inspetor Fernando Oliveira, o órgão possui dados de ocorrências que orientam as ações de prevenção, mas, segundo ele, pode haver subnotificação. "O crime muitas vezes começa na rodovia, mas é consumado em alguma propriedade rural. Para obter um panorama realista, somente pelos boletins de ocorrência lavrados nas delegacias", comentou.
Nos organismos de segurança do Estado, os dados não são especificados nos relatórios usados como base para o planejamento de ações. A reportagem tentou obter dados com a Sesp e com a Polícia Militar, mas não recebeu informações sobre a estratégia de combate às quadrilhas ou estatísticas ligadas aos assaltos nas rodovias. Um levantamento feito pela reportagem, com base em reportagens publicadas, mostra um média de pelo menos um assalto por mês nas estradas federais e estaduais do Paraná nos últimos meses. De setembro de 2015 até este mês, foram ao menos oito ocorrências, a maioria no Centro-Oeste e na região de Londrina.
Em 2013, a Sesp iniciou uma ação mais articulada diante da ineficácia das ações operacionais de rotina à época, com o monitoramento dos veículos pelas equipes policiais. Três anos depois, as medidas foram abandonadas e a criminalidade continua a fazer vítimas nas estradas.
Oliveira considerou inviável a escolta de todos os ônibus que cruzam as rodovias paranaenses. O inspetor acredita que essa pode ser uma atividade a ser realizada por escolta particular. Segundo ele, a chave para diminuir os assaltos nas rodovias está no serviço de inteligência. "Em dezembro, prendemos uma quadrilha responsável por quatro assaltos na região de Curitiba. De lá pra cá, os crimes tiveram queda expressiva", relatou.
O policial rodoviário federal recomenda que os compristas carreguem pouco dinheiro e que embarquem em ônibus de empresas idôneas. "Raramente as quadrilhas dão tiro no escuro. Eles buscam informações. Por isso a importância de escolher bem com quem viajar", aconselha.
Celso Felizardo
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA

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