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DESAFIO - Guarda responsável para reduzir superpopulação de animais

Estimativa em Londrina é de um cão para cada quatro habitantes; professora ressalta necessidade de castração


A Organização Mundial da Saúde preconiza como ideal para países como o Brasil a proporção de um cão para cada sete pessoas. Com uma população de cerca de 192 mil cachorros, a conta em Londrina é de um cão para cada quatro habitantes, quase o dobro do recomendado pela OMS. Se somados os gatos, são mais de 220 mil animais vivendo no município. Os números foram levantados pelo Censo Animal realizado por alunos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entre 2014 e 2015, com apoio da Prefeitura de Londrina, Unifil, Unopar e ONG SOS Vida Animal.
Com uma superpopulação de animais, o desafio é conscientizar os londrinenses sobre a importância da guarda responsável, que inclui a necessidade de castração de cães e gatos. "Só 12% dos cães do município são castrados. Gatos, são 32%. Mas 60% dos animais deveriam ser castrados. Nossa realidade é muito distante do ideal", avaliou a diretora do Hospital Veterinário e professora do Departamento de Clínicas Veterinárias da UEL, Patrícia Mendes.
A reprodução sem controle, ressaltou a professora, tornou-se uma questão de saúde pública no município porque aumenta as chances de zoonoses, aquelas doenças transmitidas ao homem pelos animais. "Também é um problema ambiental porque para onde vão as fezes desses animais? E quando os animais morrem? Para onde vão", questionou.
Durante o censo, os alunos apuraram que 60% das pessoas são a favor da castração, mas 72% não pensaram no assunto e afirmaram não ter intenção de castrar o próprio animal. "O levantamento deixa claro o tamanho do problema quando aponta que 47% da população canina do município têm livre acesso às ruas e desses, 65% não usam coleira. Entre os que usam coleira, 97% não têm nenhuma identificação que possibilite localizar o dono", destacou Patrícia Mendes. "O que me preocupa é que 72% não pensaram sobre a castração e uma grande parte dos animais fica solta pela rua e podem dar cria duas vezes ao ano. As pessoas deixam os cachorros livres, não castram, nascem os filhotes e os guardiães desses animais esperam o desmame e descartam esses filhotes", acrescentou ela.
"A gente se preocupa muito com animal abandonado, que é um problema que existe, mas depois desse censo eu mudei meu foco. Percebi que a grande maioria dos cães não está abandonada. Eles têm dono, têm um lar, mas ficam o dia todo nas ruas e à noite voltam para casa", afirmou a professora, que defende a realização de um trabalho em conjunto com o município para conscientizar a população sobre guarda responsável. "Se as pessoas não começarem a sair de casa para castrar, só a prefeitura não vai dar conta", salientou Patrícia. (Leia mais na pág.2)
Simoni Saris
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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