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Baixo rendimento escolar põe em xeque desenvolvimento do País

Produtividade só será alavancada pela educação de qualidade, que não pode mais permitir que uma nação inteira desperdice o tempo em sala de aula

Fotos: Ricardo Chicarelli
Colégio Estadual Dario Vellozo, na zona oeste de Londrina, está entre os primeiros do Estado a oferecer ensino com carga semanal de 40 horas

Curitiba - Não há qualquer surpresa ao constatar que o retrato atual da educação brasileira e seus reflexos na qualificação dos profissionais formados pelo sistema, nem de longe representam a "pátria educadora" cujos cidadãos são qualificados, tornando a nação competitiva. Nem poderia ser diferente, já que as transformações na área da educação não acontecem a curto prazo. Essa realidade está mensurada no Anuário Brasileiro da Educação Básica 2016, que traça um panorama do setor com dados levantados até junho de 2015. A pesquisa mostra que apenas 28,7% dos alunos de instituições públicas e privadas aprovados no 9º ano do ensino fundamental e 27,2% dos que terminam o 3º ano do ensino médio demonstram proficiência em língua portuguesa adequada ao final de cada ciclo.
O resultado da avaliação em matemática é ainda mais preocupante. Apenas 16,4% dos estudantes que finalizam o ensino fundamental e 9,3% dos que concluem o ensino médio são proficientes nos conteúdos trabalhados em cada fase.
Os percentuais de aproveitamento foram obtidos por meio de informações retiradas do levantamento qualitativo mais recente, que é fruto das avaliações da Prova Brasil e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicadas em 2013 pelas secretarias estaduais e municipais de educação.
Quando nem metade do conhecimento das matérias básicas ensinadas nos primeiros 12 anos de ensino é dominada por quem consegue o diploma do ensino médio e, por consequência, reúne a formação exigida por uma parte considerável dos empregos disponíveis no mercado, não é de se admirar que empresários dos mais variados setores reclamem do desempenho de suas equipes. E que o País tenha baixo índice de produtividade.
Estudo do grupo canadense Conference Board, feito anualmente com 1,2 mil empresas públicas e privadas de 60 países, aponta, por exemplo, que são necessários quatro trabalhadores brasileiros, em média, para atingir a produtividade de um norte-americano. E essa realidade não se limita ao nível da educação básica, já que parte dos estudantes que avançam para os cursos dos níveis técnico e superior apresenta as "deficiências" consolidadas ano após ano por modelos arcaicos e precários de ensino. E a consequência é o comprometimento do desenvolvimento de habilidades e competências propostas em cada ciclo de aprendizagem.

ASPECTO POSITIVO
O aspecto positivo deste cenário é que ele só está sendo dimensionado e enfrentado por conta de uma série de ações organizadas a partir do Plano Nacional de Educação (PNE), do MEC, que traçou diretrizes, estratégias e metas para serem executadas durante dez anos, de 2014 a 2024. Concomitantemente, movimentos como o Todos Pela Educação (TPE), articulados pela sociedade civil organizada, contribuem acompanhando e gerando dados como o Anuário, a fim de que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o País assegure à maioria das crianças e jovens o direito a educação de qualidade. Tanto que uma das metas do movimento é que em 2022 pelo menos 70% dos estudantes estejam aprendendo de fato o que é considerado adequado para aquele ano escolar e, consequentemente, ao concluírem o ensino médio, detenham proficiência em língua portuguesa e matemática.
Magaléa Mazziotti
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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