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Fauna silvestre pede passagem

Maior índice de atropelamentos é registrado na zona sul de Londrina, segundo a Polícia Ambiental

Se para um ser humano é difícil atravessar uma rodovia com segurança, para os animais silvestres muitas vezes é impossível e as mortes por atropelamento são mais comuns do que a velocidade com que os veículos trafegam permite enxergar. A cada segundo, 15 animais silvestres morrem atropelados em rodovias e ferrovias que cortam o Brasil. Em um dia, são 1,3 milhão de mortes e, no ano, 475 milhões de aves, anfíbios, répteis e mamíferos perdem a vida vítimas desse tipo de acidente com o agravante de que muitas das espécies estão ameaçadas de extinção. Os dados são do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG).

No Paraná não há um levantamento sobre a mortalidade de fauna selvagem nas malhas rodoviária e ferroviária. No Estado, há apenas estudos pontuais feitos por pesquisadores e biólogos em determinados trechos de rodovias, deixando evidente que a quantidade de mortes é inversamente proporcional ao volume de ações realizadas para contabilizá-las e evitá-las.

Os dados mais precisos e confiáveis à disposição são os contabilizados pelo Sistema Urubu, desenvolvido pelo CBEE e que reúne, sistematiza e disponibiliza informações sobre atropelamentos de animais silvestres. O sistema é alimentado por mais de 17 mil voluntários de todo o País e, desde a sua criação em 2013 até o sábado (30), identificou mais de 150 atropelamentos de animais silvestres em estradas que cortam áreas de preservação ambiental no Paraná.

Por esse recorte, o sistema aponta a Floresta Nacional de Piraí do Sul, nos Campos Gerais, como o local com maior número de ocorrências no Estado e um dos mais significativos no País. Naquela unidade de conservação, foram 122 registros de mortes de animais silvestres no período. Se computados também os atropelamentos registrados fora das unidades de conservação, há um salto grande nas ocorrências. São 637 atropelamentos no Estado, a maioria de mamíferos. Os números colocam o Paraná no oitavo lugar na lista de estados com maior quantidade de mortes de animais silvestres por atropelamento. Entre as espécies mais afetadas, estão o cachorro-do-mato, o tatu-galinha, o gambá-de-orelha-preta, o gambá-de-orelha-branca e o quati, nesta ordem.

A falta de infraestrutura de proteção para evitar ou facilitar a travessia de animais na pista, a disponibilidade de alimentos deixados nas estradas por caminhões com cargas mal embaladas, a baixa visibilidade noturna e o excesso de velocidade aliados à perda de habitat causada pelo desmatamento são alguns dos fatores que fazem os números de atropelamentos da fauna silvestre atingirem níveis elevados no Brasil.


"O atropelamento é considerado o principal efeito antrópico direto na biodiversidade", afirmou o professor e pesquisador do CBEE, Alex Bager. No centro, destacou ele, é gerada uma grande quantidade de informações para que pessoas e instituições se sensibilizem e adotem medidas com a finalidade de reduzir as causas dos atropelamentos.

No site do CBEE há até um atropelômetro, ferramenta que contabiliza os atropelamentos de animais silvestres em tempo real. De 1º de janeiro até sábado (30), o sistema indicava mais de 273 milhões de ocorrências. Entre as espécies mais afetadas no País estão cachorro-do-mato, capivara, gambá-de-orelha-branca, serpente do gênero helicops (cobra d'água) e gambá-de-orelha-preta.
Simoni Saris Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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