[Fechar]

Últimas notícias

MPF investiga desvio de verbas em Tomazina

O excesso de chuva que transbordou o Rio das Cinzas deixou um cenário de destruição no município


A suspeita de desvio de recursos no Norte Pioneiro mobilizou, aproximadamente, 20 policiais federais na operação batizada de Ilusionista. Ao todo, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quinta-feira (28) nas cidades de Curitiba, Rio Branco do Sul e Itaperuçu. O Ministério Público Federal apura indícios de fraude em licitação e corrupção ativa e passiva que teriam ocorrido entre os anos de 2010 e 2013. Uma enchente no final de janeiro de 2010 devastou a cidade de Tomazina e as verbas federais seriam utilizadas na reconstrução do município.
Convênios assinados entre a prefeitura e a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), ligada ao Ministério da Integração Nacional, resultaram no repasse de R$ 3,7 milhões. O valor seria investido na recuperação de casas, de estradas rurais, da pavimentação urbana e na reconstrução de pontes. Segundo a assessoria do Ministério Público Federal (MPF), três empresas da região de Rio Branco do Sul foram contratadas sem licitação e há indícios de direcionamento na escolha das construtoras.
Empreiteiros e um assessor jurídico de Tomazina, que seria o responsável pelas contratações, estão entre os investigados. O MPF identificou depósitos de cerca de R$ 177 mil feitos diretamente na conta bancária do assessor jurídico entre 2012 e 2014. As informações foram obtidas por meio da quebra de sigilo bancário e telefônico dos investigados. A Controladoria-Geral da União também apontou irregularidades como a falta de certificado de capacidade técnica das empresas para executar as obras. Os mandados de busca e apreensão de documentos foram expedidos pelo juiz Rogério Cangussu, da Vara Federal de Jacarezinho. Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Federal, o nome da operação faz referência aos "criminosos que faziam verdadeira mágica para dar veracidade ao esquema ilegal".
O excesso de chuva que transbordou o Rio das Cinzas em 2010 deixou um cenário de destruição no município. Reportagens publicadas pela FOLHA relataram o drama de moradores que perderam tudo em poucos minutos. "Primeiro levamos as crianças, mas quando voltamos a água já estava por tudo", contou na época o aposentado Lourival do Prado, salvo por meio de um "cordão humano" feito com a ajuda de amigos e vizinhos. Policiais e bombeiros utilizaram barcos para percorrer as ruas e transportar os moradores. Parte do asfalto foi levada pela força das águas e cerca de 4 mil pessoas foram afetadas direta ou indiretamente pela chuva. Pelo menos 500 famílias ficaram desalojadas ou desabrigadas.
Dias após o temporal, quando o volume das águas diminuiu, animais mortos foram encontrados nas ruas. A lama e o excesso de sujeira causou preocupação entre os profissionais da saúde. Quatro meses após os estragos, o município informou que aguardava a liberação de verbas do governo federal para a construção de 70 casas populares, reconstrução de 65 residências danificadas, além de outras melhorias na infraestrutura.
Os nomes dos investigados não foram revelados pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Se comprovadas as irregularidades, as penas são de, no mínimo, 12 anos de reclusão. O prefeito de Tomazina, Guilherme Cury Saliba Costa, não foi encontrado para comentar o assunto. Ele e o vice-prefeito Adalberto Sanches da Silva ocupam os cargos desde 2009. Silva atendeu a ligação da reportagem, mas não concedeu entrevista.
Viviani Costa
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

Nenhum comentário

UA-102978914-2