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Falta de estrutura compromete trabalho da polícia no combate à violência



A falta de estrutura afeta também a Polícia Civil, a 38ª Delegacia Regional funciona compartilhada com a Cadeia Pública, que no fim do ano passado enfrentou um motim


A série de assaltos que apavorou moradores e comerciantes durante dias em Santo Antônio da Platina finalmente foi interrompida. No entanto, o número de homicídios registrado nas duas últimas semanas na cidade preocupa os organismos de segurança. No período foram contabilizados três assassinatos consumados e duas tentativas, o que deixa as autoridades ainda em situação de alerta em razão da falta de estrutura necessária para combater a violência.
De acordo com o comandante da 4ª Companhia de Polícia Militar, capitão Robson Falk, o quadro de policiais na cidade está defasado há anos e faltam viaturas. No entanto, o oficial avalia que a redução drástica no número de roubos é resultado das ações desenvolvidas pela PM para garantir mais segurança à população. "Atualmente temos apenas duas viaturas antigas trabalhando 24 horas por dia. Outros quatros veículos que pertencem à 4ª Companhia estão na oficina. Além disso, faltam policiais. São apenas quatro militares na Rádio Patrulha e três na Rocam (motos) para garantir o trabalho ostensivo e o atendimento das ocorrências. Porém, por conta do número elevado de assaltos o comando do 2º Batalhão reforçou o efetivo na cidade e a presença dos policias nas ruas reprimiu os crimes", pondera Falk.
O capitão explica que a série de roubos e ao menos um dos dois assassinatos registados na cidade nos últimos dias têm relação direta com tráfico de drogas. "A maioria dos assaltos ocorridos recentemente foram praticados pelos mesmos suspeitos. São criminosos que devem para traficantes e precisam acertar as contas para não serem mortos, e o único meio são os roubos. Um dos homicídios ocorridos no último fim de semana comprova essa realidade. Os outros dois casos, no entanto, ocorreram em consequência a uma tentativa de assalto e um desentendimento entre a vítima e os autores", garante.
Segundo o oficial, ainda este mês o município irá receber mais policias e em breve uma equipe permanente da Rotam. "Os alunos da escola de soldados do 2º BPM irão reforçar o policiamento preventivo na cidade nos próximos dias, pois atualmente as equipes dedicam a maior parte do tempo no atendimento de ocorrências. Além disso, em breve teremos uma equipe da Rotam 24 horas por dia na cidade para prevenir os crimes, esse é o trabalho da PM". Falk também reconhece as ações voluntárias no combate à violência, e a importância da população. "A falta de recursos pelo Estado para garantir a manutenção da frota está sendo suprida com ações promovidas pelos moradores e comerciantes, que não devem interromper o processo – seja financeiramente ou por meio de ideias – simplesmente porque os roubos pararam", sugere o militar.

Luiz Guilherme Bannwart/Divulgação
Luiz Guilherme Bannwart/Divulgação - O comandante da 4a Companhia de Polícia Militar, capitão Robson Falk, reconhece o apoio da população no combate da violência
O comandante da 4a Companhia de Polícia Militar, capitão Robson Falk, reconhece o apoio da população no combate da violência


DELEGACIA COMPARTILHADA
A Polícia Civil também é prejudicada com a falta de estrutura. A 38ª Delegacia Regional de Polícia funciona de forma compartilhada com Cadeia Pública e exige a presença do policial armado para garantir a segurança dos servidores e da população que frequentam a unidade.
Com o efetivo reduzido, as equipes vão além do limite para atender os turnos diários de 8 horas e os plantões. O delegado Tristão Antônio Borborema de Carvalho explica que quatro investigadores dividem os plantões, e que durante os turnos os policiais se encarregam de entregar intimações, realizar escoltas e prestar apoio aos agentes carcerários.
A divisão das tarefas entre os policiais que dividem as escalas faz com que a delegacia fique com apenas dois investigadores, os quais segundo o delegado, ainda não realizaram o curso de formação e por isso não estão aptos para andar armados e conduzir viaturas.
Conforme Tristão de Carvalho, a delegacia de Santo Antônio da Platina tem apenas um escrivão, o principal profissional, segundo ele, para movimentar os inquéritos. "A superintendente (Célia Ricardo) cuida da parte administrativa da delegacia e gerencia o atendimento ao público, que são diversos todos os dias. Não podemos escolher o que investigar. Atendemos desde perda de documentos, briga de vizinhos até homicídio. O trabalho da Polícia Civil é 95% cartório. Todo serviço da polícia militar é complementado na delegacia antes de chegar ao judiciário, além dos serviços que se iniciam com a própria Polícia Civil e por meio dos boletins gerados pelo público", justifica o delegado ainda explicando, "Ainda assim, desde 2014 cumprimos 256 operações autorizadas pela justiça", avalia.
Para o delegado, o ideal seria separar a unidade da Cadeia Pública, assim os policiais teriam condições de investigar os crimes ao invés de cuidar dos presos, atribuição do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen).
A Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que o município irá receber ainda esse ano mais policiais e viaturas para reforçara a segurança dos moradores.
Luiz Guilherme Bannwart
Especial para a FOLHA DE LONDRINA

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