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ESPERANÇA - A conquista da casa própria em Jataizinho

Ocupação Jardim Bela Vista recebeu os primeiros moradores há dez anos


Jataizinho - Alívio e esperança de melhores condições de moradia foram os sentimentos comuns a muitos moradores de Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina) no domingo (9). Residentes na ocupação Jardim Bela Vista, eles receberam os boletos referentes à compra dos terrenos e poderão regularizar sua situação junto ao município. O local ocupado pertencia a uma cerâmica que faliu na década de 1990 e há mais de 10 anos havia recebido os primeiros moradores, alguns deles antigos funcionários que não tinham recebido os direitos trabalhistas. Com o pagamento desses terrenos, os trabalhadores finalmente devem receber o que lhes é de direito.

Muitos daqueles que ocuparam o terreno já moravam na cidade pagando aluguel. Outros perderam tudo o que tinham nas enchentes, como o casal Vilma Rodrigues de Souza, empregada doméstica, e Clemente Alves de Souza, aposentado. Moradores de Ibiporã (RML), há cerca de cinco anos se mudaram para uma chácara em Jataizinho. O problema era a localização, próximo aos rios Jataizinho e Tibagi. "Não chegamos a ficar um ano na chácara. Veio a enchente e tivemos que sair com a ajuda do Corpo de Bombeiros, perdemos tudo. Aí viemos para a ocupação, mas sempre tivemos medo de perder tudo de novo", conta ela.

Há cerca de quatro anos o casal construiu um cômodo com banheiro e agora, com a regularização, pretende investir na ampliação e melhoria da casa. "Vamos comprar telhas melhores, ampliar. Nosso sentimento é de alegria e agora esperamos ter energia elétrica na porta de casa e também esgoto", explica Vilma.

Mãe de seis filhos, a dona de casa Adriana Jesus Oliveira conta que também tinha receio de investir na casa da família e acabar perdendo tudo. Moradora da ocupação há cinco anos, ela explica que ajudou o esposo a construir a casa e espera com a regularização poder dar mais conforto aos filhos. "Ficamos mais alegres e tranquilos, é tão difícil conseguir as coisas. Agora é esperar pelas melhorias, pelo menos as escolas onde eles estudam ficam perto, então isso não era um problema", diz.

O comerciante Antônio Alair Ferreira é outro que investiu o pouco que tinha no local. Depois de se separar da ex-esposa, ele se mudou para o bairro e montou um pequeno comércio, com a residência nos fundos. "A regularização foi a melhor coisa que nos aconteceu. Vou comprar dois lotes, da casa e do comércio. Eu tinha começado do zero, não tinha nada aqui. Se não regularizasse eu podia perder tudo. Foi um milagre de Deus! Vou pagar R$ 96 por mês, durante três anos, enquanto outro terrenos por ai custam R$ 50 mil. Espero apenas que a prefeitura agora comece as melhorias, já que tudo estará certinho. Eu ainda tenho luz na minha rua, mas queremos esgoto e o asfalto."

Claudemir Estevan e Nelson Silva Goes, ex-funcionários da cerâmica: bom para todos
Claudemir Estevan e Nelson Silva Goes, ex-funcionários da cerâmica: bom para todos


DEVIDO 
Antigos trabalhadores da cerâmica falida, Claudemir Estevan e Nelson Silva Goes se mudaram para o local com suas famílias há cerca de nove anos. Ambos pagavam aluguel e viram na ocupação uma forma de minimizar os prejuízos. "Quando a cerâmica fechou, em 1994, já estávamos há três meses com os salários atrasados. O sindicato veio e vendeu o material que tinha no pátio, o que deu para pagar o que estava atrasado, mas ficamos sem os direitos trabalhistas", afirma Estevan, que hoje trabalha em outra cerâmica.

Trabalhando como motorista, Goes espera finalmente receber o que lhe é de direito. "Esperamos receber o que é devido, graças ao pagamento dos moradores pelos terrenos. Cerca de 20 ex-funcionários aguardam por isso e, como havia a ocupação, seria muito difícil conseguir vender o terreno da cerâmica para outra pessoa. Dessa forma vai ficar bom para todos, os moradores não vão perder suas casas e nós devemos receber nosso pagamento".
Érika Gonçalves
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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