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Ministério Público vai indiciar Cristiana Brittes por homicídio na morte de Daniel

Para o promotor João Nilton Salles, há indícios suficientes de que a esposa de Edison Brittes colaborou para a morte do jogador



O Ministério Público do Paraná (MPPR) decidiu que Cristiana Brittes, 35 anos, também será indiciada por homicídio pela morte do jogador Daniel. Pelo inquérito da Polícia Civil, a esposa do assassino confesso, Edison Brittes, 38 anos, responderia apenas pelos crimes de coação de testemunha e fraude processual. Entretanto, para o promotor do caso, João Nilton Salles, há indícios de que o assassinato não teria acontecido sem a colaboração de Cristiana e de que ela não teria agido para impedir as agressões ao atleta.


Na análise do inquérito, cheguei à conclusão de que o crime de homicídio jamais teria acontecido da forma como aconteceu sem a atuação determinante de Cristiana”, declarou o promotor em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, domingo (26).

Salles acredita que a mulher teria dado intimidade a Daniel para fazer as brincadeiras nas mensagens de Whatsapp, em que o atleta enviou a um amigo fotos ao lado da esposa de Edison na cama do casal. Estas imagens teriam motivado Edison a matar o ex-jogador do Coritiba e São Paulo. “Ela teria dado toda a possibilidade de acreditar que aquela brincadeira estaria dentro da normalidade, nas circunstâncias que deram”, declara o promotor na entrevista.



Salles levou em conta que a situação ocorreu mesmo com Cristiana sabendo da personalidade violenta do marido. Ainda na opinião de Salles, a mulher não só não impediu as agressões ao jogador na residência do casal, como ainda teria de certa forma incentivado a ação. “Ela sabia do caráter do marido, da personalidade violenta dele. E quando se iniciaram os atos de homicídio que culminaram na morte de Daniel, ao invés de tentar evitar essa conduta, ela determinou. Isso está claro nos autos, que o Daniel fosse retirado da casa e que eles terminassem os atos de execução fora [da casa]”, avalia o promotor.

Em nota, o advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone, repudia as colocações do MPPR sobre Cristiana. “É estarrecedor o argumento de que seria ela a causadora dos crimes de importunação sexual e tentativa de estupro dos quais foi vítima, enquanto dormia em seu quarto”, alega o advogado. “A defesa técnica de Cristiana Rodrigues Brittes lamenta as infelizes declarações do Promotor de Justiça e reitera à sociedade que a mulher jamais será culpada por ser vítima de agressões físicas, emocionais ou sexuais”, aponta a nota.

Dalledone também mantém a versão de que Cristiana foi vítima de uma tentativa de estupro - o que foi descartado pela polícia durante a investigação. “A defesa tem convicção de que mulher alguma pode ser responsável por ser vítima da própria violência sexual sofrida”, diz a nota. “Roupas, maquiagem, maneira de ser ou agir não são justificativas para que predadores sexuais ataquem mulheres”, enfatiza o texto da defesa.



A denúncia dos envolvidos no assassinato devem ser apresentadas pelo MPPR essa semana à Justiça. Além de homicídio triplamente qualificado, Edison responderá por ocultação de cadáver, coação de testemunha e fraude processual. Cristiana agora responderá por homicídio, coação de testemunhas e fraude processual. A filha do casal, Allana Brittes, 18 anos, foi indiciada por coação de testemunhas e fraude processual. Eduardo da Silva, David Willian da Silva (ambos de 19 anos) e Ygor King (18 anos) foram indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Já Eduardo Purkote (18 anos) foi indiciado por lesões corporais graves.

O caso


O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.

À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. O jogador chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.

Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. De acordo com o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, Eduardo afirmou em seu depoimento nesta segunda-feira (12) que viu Edison pegar a faca na cozinha da residência.

Antes de ser preso, o empresário chegou a ligar para a família e para amigos de Daniel a fim de prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.

Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.



Matéria Gazeta do Povo

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